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Testes da vacina chinesa em crianças e adolescentes do Brasil devem começar este ano

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Crianças e adolescentes brasileiros também participarão de estudos sobre a vacina contra a Covid-19, como já acontece na China — provavelmente, ainda em 2020. É o que informa o infectologista colombiano Ricardo Palacios, gerente médico de Ensaios Clínicos do Instituto Butantan. No Brasil, a instituição paulista está à frente dos testes do imunizante da chinesa Sinovac que, se aprovado, deverá ser aplicado em duas doses.

Segundo o Instituto Butantan, até o último dia 14, o ensaio clínico da Sinovac no Brasil já tinha recrutado e começado a vacinar mais de 4 mil pacientes (o projeto prevê 9 mil). O instituto não soube precisar quantos já tomaram a segunda dose da vacina, mas o protocolo é que ela seja administrada uma semana depois da inicial.

Na entrevista a seguir, Palacios confirma que as primeiras doses a serem usadas, em caso de aprovação do imunizante, já estão sendo produzidas na China. O objetivo, em um primeiro momento, é vacinar 20% da população brasileira.

Como estão avançando os estudos da vacina da Sinovac?

Estamos bem satisfeitos, já sabemos que o perfil de segurança encontrado na China também está se repetindo no Brasil. A vacina é muito segura, é como se fosse uma das vacinas que normalmente tomamos, provoca pouquíssima reação. É um contraste com outros produtos que estão em estágio mais avançado. Posso dizer que é a mais segura entre as que estão sendo testadas no Brasil, a que causa menos reações. O principal problema relatado é que dói um pouco no local da aplicação. Mas bem pouco, como a vacina da influenza. Outras pessoas têm dor de cabeça e poucas têm alguma outra reação. Isso é muito relevante.

Quando poderão dizer se a vacina é efetiva?

Esperamos que antes do fim do ano. Por mais que a curva de transmissão no Brasil esteja descendente, ela continua alta. Se continuar assim, poderemos ter casos suficientes para comprovar a eficiência da vacina. Precisamos de muitos casos positivos para chegar a uma conclusão firme.

As vacinas para o Brasil já estão sendo produzidas?

Sim, na China. Nosso acordo com a China prevê enviar as vacinas para o Brasil antes de terminar a fase 3. Assim que confirmarmos a segurança da vacina, enviamos as informações à Anvisa. E, assim que a Anvisa aprovar, começa a vacinação. O acordo estabelece que o Brasil terá a vacina de forma prioritária.

A CoronaVac prevê reforços anualmente?

Na primeira dose você apresenta o vírus para o sistema imune. Na segunda o que você faz é amplificar essa resposta. Isso é o que faz diferença, a segunda dose tem um papel fundamental. Mas a frequência de vacinação não deverá ser como a da influenza. Poderemos precisar de um reforço, e com esse reforço teremos uma proteção de longa duração, talvez de cinco anos. A vacina da influenza requer reforço anual por mudanças no vírus. A taxa de mutação do coronavírus não parece ser tão grande.

Na China, começaram a testar a vacina em crianças. Como vai ser no Brasil?

Quando vimos a segurança no caso de idosos, com resposta imune adequada, o passo seguinte é ir para as crianças. Quando a gente tiver os resultados dos estudos de crianças e adolescentes na China, vamos apresentar essas informações para a Anvisa, para também fazer testes no Brasil. Esperamos que ainda este ano.

A suspensão dos testes da vacina de Oxford (depois que um voluntário teve reação adversa grave) é normal?

Todo estudo de vacinas tem mecanismos de salvaguardas. O que esse episódio demonstrou é que esses mecanismos funcionaram. O importante é suspender tudo até saber se foi algo isolado. Em nosso caso, por enquanto, está tudo tranquilo. Se muitas pessoas começarem a não querer se vacinar, teremos dificuldades, como aconteceu com o sarampo, uma doença que pensávamos estar erradicada e voltou, causando mortes. Quando se baixa a guarda o risco de restabelecer a transmissão é grande.

Fonte: O Liberal

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