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Estudo comprova atividade anti-inflamatória do óleo de Priprioca

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Uma pesquisa científica realizada ao longo de dois anos pela farmacêutica mestra Jorlana Catrine Corrêa, objeto de dissertação de mestrado em Biociências, na Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), em Santarém, no oeste do estado, concluiu que o óleo de Priprioca (óleo da espécie Cyperus articulatus) tem ação anti-inflamatória.

Segundo a pesquisadora, o estudo é pioneiro no aspecto e cria base para futuros estudos dessa espécie que se mostrou uma potente fonte para o desenvolvimento de novos agentes anti-inflamatórios. A inflamação é uma resposta de defesa a estímulos agressivos que envolvem uma série de alterações bioquímicas, fisiológicas e imunológicas, às quais o organismo recorre para localizar, inativar e destruir o agente agressor, além de promover a cicatrização e reparação do tecido danificado.

O produto é muito usado na medicina tradicional para curar doenças como malária, enxaqueca e outras, mas até então, sem nenhum estudo sobre as propriedades para a cura de inflamações. O trabalho foi feito na modalidade in vitro, no laboratório da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), sob a coordenação da professora Dra. Leda Quércia, em parceria com a Ufopa.

A coleta do material que serviu para os estudos científicos iniciou-se na comunidade de Tabocal, localizada a 24km de Santarém através da BR-163 (Santarém-Cuiabá). O óleo foi extraído através de um processo chamado de hidrodestilação (de destilação a vapor) que rendeu um percentual de 0,7%. Os óleos essenciais são misturas complexas encontradas, principalmente, em plantas aromáticas, e regidos pelo tipo e quantidade de constituintes químicos, que em geral são terpenos, compostos oxigenados e isoprenóides. Na análise química desta composição, foi identificado um total de 40 compostos.

A partir dos ensaios realizados em laboratório, concluiu-se que o tratamento de macrófagos (células de grandes dimensões do tecido conjuntivo) com o óleo de priprioca é capaz de reduzir de maneira significativa os parâmetros inflamatórios como a produção de citocinas pró-inflamatórias, o que pode estar relacionado com a composição química do óleo essencial da espécie estudada.

O interesse da pesquisadora pelo objeto, se deu a partir de um contato com o professor do Instituto de Saúde Coletiva (Isco) da Ufopa, Dr. Waldiney Pires, que contribuiu com a indicação da linha de pesquisa. “O interesse pela planta causou curiosidade, por ela já ser utilizada para atividade anti-inflamatória pela população, como medicina tradicional, mas até o momento não havia comprovação científica de que existia essa propriedade”, disse Jorlana.

Para o orientador do trabalho, professor Waldiney Pires, os resultados foram surpreendentes: “Fiquei muito feliz. A forma como ela encarou o desafio, após um primeiro contato, e as buscas incessantes pelos estudos deram uma soma positiva a um trabalho que é feito em benefício de toda uma população”. A coorientadora do trabalho foi a professora Dra. Grazielle Ribeiro Góes, também da Ufopa.

A priprioca

Priprioca ou piripirioca (Cyperus articulatus) é uma erva da família ciperácea, natural da Amazônia. Parente do junco e do papiro, suas raízes liberam uma fragrância leve, amadeirada e picante com notas florais.

A raiz é a parte que serve para a gastronomia. Dela, pode-se extrair um álcool ou um óleo. Combina com derivados do leite, carnes em geral, fígado e salame, mas ainda não é muito utilizada na indústria alimentícia.

É embaixo da terra que se desenvolve a parte mais cobiçada da priprioca: os tubérculos, que apresentam estruturas subterrâneas com aroma agradável, que chama a atenção não só da população, mas também de cientistas e de grandes empresas de cosméticos.

Com o avanço da indústria de cosméticos e fármacos, a priprioca é parte importante do sustento de inúmeras famílias em diversas localidades paraenses. A erva existe como principal ingrediente de banhos de cheiro.

O cultivo, a comercialização e o uso da priprioca pelas empresas de perfumaria já são realizados há mais de 30 anos. Atualmente, a cobiça da indústria nacional de fragrâncias pela priprioca existe em função do óleo essencial desse vegetal, extraído, principalmente, do tubérculo.

Acesse a pesquisa: Avaliação in vitro da atividade anti-inflamatória do óleo essencial de Cyperus articulatus L. em macrófagos.

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