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Mais de 100 presos fogem de casas penais do Pará em pouco mais de 48 horas

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Mais de 100 presos fugiram de casas penais do Pará em pouco mais de 48 horas. A última fuga, nesta terça-feira (26), em Marabá, sudeste do estado, foi filmada com celular por outros detentos de dentro das celas. A facilitação da entrada de celulares e armas nas penitenciárias e a superlotação são sérios problemas apontados pelo Núcleo de Política Penitenciária da OAB-PA.

O vídeo, cedido pela polícia, mostra o momento da fuga dos 58 presos do Centro de Recuperação Agrícola Mariano Antunes (Crama) em Marabá. No meio da correria, é possível ouvir um dos detentos falando para matar um dos agentes penitenciários. “Pega esse funcionário! Mata essa desgraça!”, diz.

A fuga começou por volta das 17h, quando agentes penitenciários trancavam os blocos carcerários dos pavilhões A e B. Presos armados aproveitaram o momento para render os funcionários, soltar outros detentos e fugir.

“Nesse momento, presos do pavilhão A e B iniciaram o deslocamento para a área do regime semiaberto, onde obtiveram êxito na fuga”, explica o diretor da Superintendência do Sistema Penitenciário do Pará (Susipe) coronel Mauro Matos.

Durante a confusão, dois presos foram mortos e um policial militar foi ferido.

“Ainda estamos no local com o apoio da aeronave da Secretaria de Segurança Pública e com aproximadamente 50 policiais no local e 15 viaturas. A gente acredita que muitos ainda se encontram naquela localidade de mata”, diz o coronal Franklin Roosevelt.

No último domingo (24), 46 presos escaparam do Centro de Recuperação Penitenciário Pará I (CRPP I) em Santa Isabel por um túnel cavado em uma das celas.

Em abril, outra fuga foi registrada no CRPP III. A Ação terminou com a morte de um agente penitenciário e de 21 detentos. O que chamou a atenção no caso, foi o forte armamento utilizado na ação. Algumas armas são usadas em guerras. Além disso, os detentos usaram dinamites pra explodir o muro de um dos pavilhões do centro de recuperação.

Superlotação

Uma grande tentativa e duas fugas em três meses. O cenário só não é pior quando o assunto é superlotação, problema apontado como uma das principais causas desse tipo de ação nos presídios do Pará. O Crama, por exemplo, custodia 629 presos e a capacidade é para 180. O CRPP I também está superlotado com 79% de excedente. A capacidade é para 685, mas são custodiados 1.225.

O coordenador do Núcleo de Política Penitenciária da OAB-PA Antônio Graim Neto afirma que os presídios paraenses estão com mais de 100% da capacidade. Para ele, o governo não prioriza a solução do problema, o que agrava a situação junto com outro fator, a facilitação da entrada de armas nas penitenciárias.

“O celular, armamento, não entra pela porta dos fundos, pela janela, por cima do muro. Entra pela porta da frente. Nós não temos observado ações concretas que tragam resultados”, diz.

“Há anos são prometidas novas vagas e 14 novas unidades prisionais, e o tempo no atraso da entrega dessas obras é o mesmo tempo do aumento da população carcerária. Ou seja, elas não são mais suficientes”, avalia Graim Neto.

Em nota, o Governo do Pará disse que já criou mais de 1.000 novas vagas nos últimos três anos como forma de reduzir a superlotação carcerária e que as obras de oito presídios estão em andamento no estado.

Até agora, três presos foram recapturados.

A Polícia Civil informou que abriu inquérito para investigar a facilitação das armas que ajudaram na fuga.

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