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Técnicos e pesquisadores definem padrões de qualidade do açaí

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Representantes do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa), da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) e do Centro de Valorização Agroalimentar de Compostos Bioativos da Amazônia (CVACBA) se reuniram em Belém nesta quarta-feira (21) para discutir os novos parâmetros de qualidade, segurança alimentar e as características próprias do açaí, para atualização do Padrão de Identidade e Qualidade (PIQ) do fruto e seus derivados. A reunião contou com a presença de representantes locais de batedores de açaí, da indústria e pesquisadores da área de tecnologia de alimentos.

Na ocasião foram apresentados resultados obtidos ao longo de 20 anos de pesquisa, desde a primeira definição dos padrões de qualidade do açaí, em março de 1998, até os motivos e a necessidade de alterações na atual regulamentação do açaí e seus derivados. Foram repassados ainda dados estatísticos sobre a cadeia econômica, fatores de inovação e composição química e nutricional do açaí.

O professor Fábio Moura, do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Pará (UFPA), explicou que o açaí não pode ser mais observado como há 20 anos. “O processo do plantio, escolha e preparo da área mudou, o fruto teve de se adaptar a ecossistemas distintos. Colheita, debulha, transporte e distribuição precisam ser observados e analisados em toda sua complexidade”, disse.

Já a pesquisadora da UFPA e atuante no CVACBA Ana Caroline de Oliveira falou sobre a segurança alimentar e o controle de qualidade microbiológico, com ênfase na Samoella spp, bolores, leveduras e coliformes, e detecção de Trypanosoma cruzi, agente causador da doença de Chagas, cujo principal vetor é o percevejo conhecido como barbeiro.

O pesquisador e coordenador do CVACBA, Hervé Rogez, explicou que, após o surto de doença de Chagas em várias cidades paraenses, o Ministério da Saúde acionou especialistas da área e, por meio da Secretaria de Estado de Saúde Pública, foi realizado um estudo, desde o plantio e distribuição da polpa, até os aspectos que fazem com que o inseto barbeiro seja atraído pelo fruto. O resultado foi que a combinação de calor, umidade, irradiação por ultravioleta e o CO2 liberados nesse processo exala cheiros comuns ao suor dos mamíferos. O barbeiro é atraído pelo cheiro, e identifica-o como sendo desses animais”.

Tratamento térmico

Uma Instrução Normativa foi publicada no Diário Oficial do Estado em 2013. O termo de conduta orienta comerciantes (pequenos batedores) e o setor industrial sobre a necessidade de fazer o tratamento térmico a 80°C durante 10 segundos, por meio da técnica de branqueamento, para eliminar a possibilidade de material fecal do barbeiro e de algumas bactérias do açaí. A professora Ana Caroline de Oliveira reafirmou a importância dessas práticas de tratamento térmico.

Os participantes da reunião integraram o núcleo de discussão de fatores decisivos da PIQ para o açaí. Para o professor Hervé Rogez, a redefinição do Padrão de Identidade e Qualidade do fruto e seus derivados é uma ação percussora de grande impacto, por permitir que a população se aproprie de parâmetros que irão permitir analisar, através de legislação específica, a comercialização adequada da polpa, do suco e derivados do fruto. “Isso permite que a indústria venha conjecturar nos próximos anos novos produtos, patentes e inovações”, disse.

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