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Turismo na região do Xingu é incerto depois da pandemia

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O mês de julho sempre foi um dos que mais impulsionou o turismo paraense, por representar o ponto alto do verão amazônico. Mas, este ano, por causa da pandemia, o período é marcado por incertezas em quase todas as regiões turísticas do Estado.  A região do Xingu, no sudoeste do Pará, por exemplo, está sofrendo com os impactos do novo coronavírus e moradores da Volta Grande do Xingu, onde as famílias tiravam o sustento dessa atividade econômica, moradores tiveram que mudar a rotina de trabalho, por causa da falta de turistas e queda na renda familiar.

Dona Maria Albertini é um exemplo. Ela trabalha há 14 anos em uma pousada, que fica bem no coração da Volta Grande. Ela conta que todos os anos o emprego por aqui era certo, entre os meses de abril a novembro, por causa dos turistas que procuravam o local para praticar a pesca esportiva. Só que neste ano a rotina e as condições financeiras mudaram drasticamente. “Esse ano foi difícil pra todos os funcionários. Principalmente para os ribeirinhos. A gente não tem mais o salário que a gente ganhava e faltou emprego para todos”, lamentou dona Maria.

Outra que sente os impactos do novo coronavírus no trabalho é a dona Raimunda Teles, que mora há 46 anos na região ribeirinha do Xingu e prestava serviços para a prefeitura de Anapu, transportando alunos para as escolas da região em sua voadeira. Outros dois filhos de Raimunda trabalhavam na região como guias turísticos. Ela conta que, com as aulas suspensas e a recomendação das autoridades de saúde para que as pessoas não saiam de casa, nos últimos três meses, a família passou a sobreviver apenas do que produz na agricultura familiar. “Com essa pandemia tudo mudou. Eu não estou trabalhando. A gente está vivendo aqui e vocês podem ver que não tem energia, não tem nada. Sempre gostei de viver no mato, mas assim é muito difícil da gente ficar”, explica a mãe de família que de uma hora para outra teve a vida prejudicada pela pandemia da Covid-19.

Falta de turistas – O piloto de voadeira, Reginaldo Alves, trabalha na região do Xingu há mais de oito anos. Com a falta de turistas, ele e a esposa estão vivendo dias difíceis. “A renda que a gente tem aqui é dessa pousada que a gente trabalha, mas com essa pandemia como é que o pessoal vem para a pousada? E quem sofre somos nós, ribeirinhos que trabalhamos no Xingu. Com certeza está sendo muito ruim. Financeiramente é muito crítica a nossa situação”, relata o trabalhador, desmotivado com a situação.

Hotelaria foi afetada – O proprietário de um hotel, que fica as margens da rodovia Transamazônica, também viu a renda diminuir da noite para o dia.  O local não recebe hospedes há três meses. O empreendimento também era bastante procurado para realização de eventos como festas de aniversário e casamento, o que também deixou de ser realizado por aqui devido à pandemia.

Em quase todas as cidades da região, a situação é praticamente a mesma. Deivison Sousa é dono de uma churrascaria e de um hotel em Altamira, porta de entrada da região do Xingu. Há três meses ele fechou o hotel. A churrascaria está atendendo apenas delivery.

Nós optamos por dar uma cessada e aguardamos em breve poder retornar com as nossas atividades, para que os serviços de turismo, restaurante e locação de espaços, possam voltar novamente com força total. É o que nós esperamos”, afirma o jovem empreendedor.

Gestão pública em turismo também foi enfraquecida pela Covid-19 

A queda do setor turístico também atingiu a gestão pública do turismo. É o caso da Secretaria de Turismo de Vitória do Xingu. O secretário estima que o turismo no município foi impactado em cerca de 95%. Sede da maior hidrelétrica genuinamente brasileira, a usina de Belo Monte, o município se preparava para apresentar e vender todas essas belezas naturais na Feira Internacional de Turismo – FITA 2020, que aconteceria em abril em Belém. Com a pandemia, o evento acabou sendo adiado para 2021, causando assim um impacto econômico não apenas no Polo Xingu, mas em todo o Estado do Pará.

A situação está bem crítica, porque o turismo sobrevive de circulação de pessoas, e com a pandemia, as pessoas deixaram de circular. Proíbe-se a circulação e aí o setor turístico vem sofrendo com a pandemia medidas muitos drásticas como o fechamento dos estabelecimentos, porque não tem clientes. Então, hoje basicamente 95% dos estabelecimentos turísticos de Vitória do Xingu estão fechados. E nós acreditamos que assim que retornar os turistas possam voltar pra nossa região”, finaliza Darli Costa, gestor de turismo em Vitória do Xingu.

Matéria especial produzida por Wilson Soares / Valéria Furlan

Fotos: Wilson Soares

Colaboração: Benigna Soares

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