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Covid-19 avança sobre comunidades indígenas e Pará registra 67 mortes e mais de 500 infectados

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O novo coronavírus é especialmente mortal para os povos indígenas na Amazônia. É o que demonstra estudo sobre o impacto da Covid-19 nessa população feita pela Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) e Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai). São 5140 casos confirmados e 293 óbitos nos nove estados da Amazônia brasileira, de acordo com dados divulgados nesta segunda-feira (22).

Atrás apenas do Amazonas, que registra 151 óbitos, o Pará é o segundo estado da região mais atingido, com 67 mortes e mais de 500 infectados. Entre as perdas, a morte de uma das maiores lideranças indígenas na região, Paulinho Paiakan, do povo Kayapó, 67 anos, ocorrida na última quarta-feira (17).

O cenário de descaso por parte do poder público e os desafios enfrentados pelas comunidades indígenas são tema de debate nesta quinta-feira (25), às 19h, nas redes sociais do Conselho Regional de Psicologia do Pará e Amapá (CRP-10). Além de Paulo Tukano, integram o debate Ivanilda Brito Karu Munduruku, da Associação Indígena Pariri; e Sandro Kayapó, liderança e membro da Federação dos Povos Indígenas do Pará (Fepipa).

Em meio a esta crise sanitária, as comunidades indígenas enfrentam ainda a falta de assistência de itens básicos, como alimentação e material de higiene para a prevenção à doença. Foi preciso recorrer à Justiça para que a Funai fosse pressionada a enviar castas básicas aos indígenas, e enviar-lhes equipes de saúde.

O descaso do poder público para com os indígenas se arrasta por meses. Já em abril, o Ministério Público Federal destacou a situação de vulnerabilidade, social e econômica, a que estão submetidos os povos indígenas no país, e as dificuldades logísticas de comunicação e de acesso aos territórios, agravam o risco de genocídio indígena. O MPF encaminhou recomendação à Funai para que sejam adotadas medidas urgentes com o objetivo de evitar que indígenas no Pará tenham que deixar suas moradias e se deslocar até as cidades durante a pandemia de Covid-19 para comprar itens essenciais à manutenção da vida.

“A pandemia nos atinge no aspecto econômico, político, social, de direitos. São duas realidades. A primeira diz respeito aos indígenas que vivem nas cidades. essas famílias estão em situação de grande risco. Sem emprego, já que a maioria trabalha com venda de artesanato e prestação de pequenos serviços. Sem renda, elas ficam sujeitas ao assédio sobretudo do tráfico que comando as periferias e invasões urbanas”, pontua Tukano.

Outra realidade envolve as etnias que vivem em áreas protegidas, na floresta. “A primeira vista todo mundo tem plano de ação, o estado, o município, mas não é aquela qualidade que a gente espera. Tem ocorrido de a doença entrar nas aldeias por meio de profissionais de saúde contaminados. O vírus é trazido também por grupos evangélicos que invadem nossas áreas para nos ‘catequizar'”, denuncia Tukano.

Em busca de formas de resistir à pandemia, os indígenas têm usado do conhecimento ancestral, por meio do uso de terapias naturais, e buscando garantir o isolamento com a interdição de estradas que dão acesso às aldeias. “Estamos tomando iniciativas próprias, em autodefesa, como o bloqueio das vias de acesso às aldeias, ou indo ainda mais pra dentro da floresta, para que fiquemos isolados. Há o uso de benzimentos, plantas medicinais e chá. Isso que tem sido a salvação das famílias indígenas. Todas as famílias estão usando as técnicas terapêuticas que é exclusiva dos indígenas”, relata Tukano.

Fonte: G1 Pará

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