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Produtores do Xingu cobram respostas sobre invasões e destruição da floresta em Uruará, no sudoeste do Pará

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Preocupado com o aumento descontrolado das invasões de terras na região da Transamazônica, no sudoeste do Pará, um grupo de produtores rurais dos municípios de Altamira, Brasil Novo, Medicilândia e Uruará, juntamente com lideranças sindicais, mobilizou-se nesta terça-feira (14 de janeiro de 2025). A comitiva, composta por 20 caminhonetes, seguiu até o travessão do Km 140 Sul, que fica entre Medicilândia e Uruará, para verificar de perto a situação das áreas já invadidas e de outras que estão sendo ameaçadas de invasão.

Foto: Divulgação

“O pior é que esses invasores estão destruindo, principalmente, a floresta em áreas de reserva legal. Eles não respeitam ninguém, nem mesmo os órgãos de fiscalização”, desabafou um dos proprietários.

“Com o preço do cacau em alta, muitas pessoas se capitalizaram, e há aqueles que, movidos pela ganância, estão buscando áreas invadidas para adquirir terras a preços muito abaixo do mercado. Depois, derrubam a floresta para expandir suas lavouras. Isso está se tornando um comércio clandestino”, afirmou outro produtor que participou da incursão.

Segundo as lideranças do movimento, a valorização do preço do cacau, que passou de aproximadamente R$ 15,00/kg em 2023 para R$ 72,00/kg em 2024, resultou em um aumento significativo na procura por terras na região da Transamazônica. Esse cenário também tem atraído oportunistas, que invadem áreas com o único objetivo de comercializar os lotes, alimentando uma onda de invasões constantes em novas localidades.

Foto: Divulgação

A situação na Fazenda Junqueira é considerada a mais emblemática. As invasões começaram em 2021 e, desde então, só têm aumentado. Durante esse período, mais de 800 hectares de floresta em área de reserva legal foram derrubados e queimados por criminosos. Relatos apontam que muitos dos responsáveis por essas ações já possuem terras na região, e alguns deles atuam como comerciantes na Vila Alvorada, localizada às margens da BR-230, a Rodovia Transamazônica.

Foto: Divulgação

Órgãos como a Secretaria de Meio Ambiente do Estado do Pará (SEMA), o Ibama e as polícias Civil e Científica já realizaram vistorias nas áreas invadidas. De acordo com as perícias, graves crimes ambientais estão sendo cometidos, incluindo a derrubada de árvores protegidas por lei, como a castanheira. O Ibama aplicou uma multa a uma Associação apontada como responsável pela invasão e embargou a área invadida:

“Ficam embargadas quaisquer atividades agrosilvipastoris, exceto atividades de subsistência, em toda a extensão da área ocupada pelos membros da Associação Selva de Pedra, de 3.030 hectares de tamanho, até determinação em contrário”, descreve o documento do órgão ambiental.

Mesmo com a atuação dos órgãos competentes, há relatos de pessoas que vivem nas proximidades de que a área embargada não está sendo respeitada pelos invasores, responsáveis por derrubar e queimar a floresta. Segundo essas pessoas, os invasores já estariam iniciando o plantio de lavouras de cacau, o que está proibido pelo embargo feito pelo Ibama.

“Neste momento, o Ibama está aqui no Assurini notificando os produtores que desmataram suas terras para formar pasto, exigindo que retirem o gado de suas propriedades. Por isso, estamos nos mobilizando para exigir que os órgãos ambientais deem o mesmo tratamento aos invasores de terras. Se a área está embargada, o órgão ambiental precisa fiscalizar para garantir que o embargo seja cumprido”, afirmou Maria Augusta, ex-presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Altamira.

Agora, os produtores buscam o apoio dos Sindicatos Rurais e dos prefeitos das regiões da Transamazônica e do Xingu para juntos, pressionarem o governo do Estado e a Justiça a adotarem medidas urgentes para solucionar a situação, que se agrava a cada dia. Uma reunião entre gestores, produtores e presidentes de sindicatos está prevista para acontecer na sede da Associação do Consórcio Belo Monte, onde o problema será discutido.

Foto: Divulgação

Enquanto a solução não é apresentada e a Justiça não dá uma resposta sobre os pedidos de reintegração de posse, resta aos verdadeiros proprietários apenas assistir à destruição de seus patrimônios e da floresta pelas mãos dos invasores.

Por Wilson Soares – A Voz do Xingu

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