Segundo dados preliminares do Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais (Inpe), a Amazônia registrou 4.977 focos de queimadas em julho deste ano, embora o uso do fogo no bioma estar proibido desde o dia 29 de junho, quando o Governo Federal publicou um decreto suspendendo a prática por 120 dias no território nacional.
De acordo com o levantamento, o município de Porto Velho foi o que mais registrou focos de queimadas no mês, com 340 focos. Em seguida aparecem Lábrea (AM), com 251 focos; Apuí (AM), com 249 focos; e Altamira (PA), com 228 focos. Os dados também indicam que mais da metade do fogo registrado em julho na Amazônia está concentrado em apenas dois estados, o Pará, com 1.372 focos e o Amazonas, com 1.173 focos.
Entre as unidades de conservação, as três que mais queimaram no mês estão localizadas no Pará: a Reserva extrativista Chico Mendes (61 focos); Área de Proteção Ambiental (APA) Triunfo do Xingu (46 focos) e Flona de Altamira (39 focos). Em relação às terras indígenas (TI), as três com maior foco de queimadas estão no Mato Grosso: TI Parque do Xingu (62 focos); TI Zoró (23 focos) e TI Aripuanã (20 focos).
O G1 pediu que o Ministério do Meio Ambiente comentasse o registro do fogo na Amazônia durante a proibição da prática e, até a última atualização desta reportagem, não havia obtido resposta
Apesar dos recordes de queimadas registrados nos últimos meses e com o mês de junho registrando o maior número de focos de calor em 14 anos, a temporada do fogo ainda não começou na Amazônia. Ela ocorre durante os meses mais secos na região, entre agosto e novembro. De acordo com Cristiane Mazzetti, gestora ambiental do Greenpeace, o pior ainda está por vir.
De acordo com um levantamento do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e do Woodwell Climate Research Center publicado na última sexta-feira, 30, mostrou que uma área de 5 mil quilômetros quadrados desmatados na Amazônia, correspondente a 500 mil campos de futebol ou quatro vezes a cidade de São Paulo, está sob risco de queimada na temporada do fogo de 2021.
Segundo os pesquisadores, as áreas desmatadas e ainda não queimadas desde 2019 associadas a uma seca intensa provocada pelo fenômeno La Niña indicam atenção especial para a ocorrência do fogo na Amazônia, especialmente no sul da região: “Há quase 5 mil quilômetros quadrados de área, quase quatro vezes o município de São Paulo, com vegetação derrubada e seca só esperando alguém chegar com o fogo. A queimada, nesse caso, é a última etapa do desmatamento, a forma mais barata e rápida de limpar o terreno para seu uso posterior”, diz o levantamento.
Por ser uma floresta densa e úmida, o fogo na Amazônia não é natural. Ele é provocado pelo desmatamento e piorado pelas mudanças climáticas, que tem intensificado os períodos de seca no bioma: “Quando as florestas são cortadas, as árvores e os galhos mortos são empilhados para secar, completando o ciclo do desmatamento. Esse fogo, de grande intensidade, pode escapar para a floresta e, se combinado a condições secas, causar grandes danos. Tais condições têm se tornado mais frequentes como resultado da combinação dos efeitos locais do desmatamento com as mudanças climáticas globais”, explica o documento.
Com informações do G1