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Escalpelamento ainda é um grande problema nos rios da Amazônia

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Com a chegada do verão e início das férias escolares aumenta a demanda de viagens pelos rios da região e com isso a atuação de embarcações irregulares no transporte de passageiros.É nesse cenário que o risco de acidentes com escalpelamento mais preocupa autoridades e entidades voltadas ao atendimento integral das vítimas.
Dados divulgados em junho deste ano pelo Sindicato dos Médicos do Pará (Sindmepa) revelam que os casos de acidentes com escalpelamentos em barcos nos rios do Pará vêm aumentando nos últimos dois anos. O Sindmepa registra que até 2017 a incidência dos acidentes vinha reduzindo, mas a partir daí o quadro mudou.
Em 2017 foram dois casos e em 2018,  seis ocorrências de escalpelamento. O mais preocupante é que este ano já foram registrados seis casos com vítimas graves, sendo o mais recente o da pequena Wanessa Souza, de seis anos, ocorrido em Anajás, no Marajó. A criança está em tratamento no hospital da Santa Casa de Misericórdia do Pará.
São muitas as iniciativas para que esse tipo de acidente seja evitado, mas na avaliação da assistente social Darci Lima, presidente da Organização dos Ribeirinhos Vítimas de Acidente de Motor (Orvam) , a solução para o problema passa por um trabalho massivo de conscientização das próprias famílias.
” Todos sabemos que a principal medida para acabar com os acidentes é a proteção do eixo da embarcação e hoje a Marinha fornece essa proteção, que é a carenagem, mas quem tem a sua embarcação muitas vezes se recusa a colocar a proteção pelo simples fato de que para evitar os constantes roubos, eles costumam retirar o motor dos barcos ao fim de cada dia de trabalho nos rios”, relata Darci.
Ela acrescenta que um trabalho de conscientização direto com as famílias não alcança todos os ribeirinhos porque a maioria mora em furos de rio, onde a Marinha não entra. ” É um trabalho árduo e os governantes não olham para ele de maneira abrangente, sem falar na burocracia para acesso aos benefícios da carenagem, o que acaba afastando o ribeirinho”, esclarece.
Operação Verão 2019 inclui ações de prevenção ao escalpelamento nos rios paraenses
A Orvan atende atualmente 152 meninas vítimas de escalpelamento. A entidade oferece serviços na área da assistência social, pós-acidente e visa promover a autoestima e a inserção das vítimas no mercado de trabalho. ” A maioria dessas meninas é de família ribeirinha, as embarcações são feitas artesanalmente, no fundo do quintal, sem que haja qualquer cuidado com a segurança e isso dificulta muito a compreensão da responsabilidade que eles têm quando uma tragédia dessas acaba com o futuro ou com a vida de uma criança, de uma jovem mulher”, lamenta.
?Criada em 2008, a Comissão Estadual de Enfrentamento dos Acidentes com Escalpelamento (CEEAE) formada pela Marinha do Brasil, Fundação Santa Casa de Misericórdia, Defensoria Pública do Estado, Secretaria Estadual de Transportes (Setran), Capitania dos Portos, Ministério Público do Estado, Sindicato dos Médicos do Estado, Sociedade Paraense de Pediatria e Secretaria de Estado de Educação (Seduc), entre outras entidades parceiras, coordena as ações oficiais de combate aos acidentes.
A Capitania dos Portos  já começou a  Operação Verão 2019 reforçando as atividades de inspeção naval e promovendo ações educativas para a segurança da navegação. Uma das atividades é justamente a instalação gratuita de coberturas de eixo, as placas de ferro que minimizam os riscos de acidentes com escalpelamento nas embarcações. Além da orla da capital e do Terminal Hidroviário de Belém, a Capitania vai estar presente também em Barcarena, Bragança, Breves, Cametá, Marabá, Marapanim, Maracanã, Muaná, Salinópolis, Salvaterra, São Felix do Xingu, São Caetano de Odivelas e Tucuruí.
Um dos casos de escalpelamento deste ano aconteceu em maio, no município de Melgaço. Desta vez, uma criança de 11 anos teve o couro cabeludo arrancado após os cabelos enrolarem no eixo do motor de uma embarcação.

A menina foi levada imediatamente para o Hospital Regional de Breves, no Marajó e transferida depois para a Santa Casa. Ela continua em tratamento na capital.

Portal Roma News

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