Com a subida no preço da carne vermelha nas últimas semanas, consumidores paraenses têm buscado alternativas para substituir o produto na mesa. Até mesmo o ovo tem tido uma procura maior, apesar de que compradores também reclamam da alta no preço deste produto.
“Hoje em dia só está podendo comer bife quem tem dinheiro”, diz o vendedor Ângelo Batista, de 42 anos. Ele trabalha com a venda de carnes na feira da Pedreira há 25 anos e afirma que esta é a pior crise de vendas que ele enfrenta e diz que não enxerga perspectiva de melhora a curto prazo. “A venda caiu uns 30% pelo menos e estamos com muita dificuldade. Atrasamos pagamento para fornecedor e estamos tentando levar as vendas até onde dá”, lamentou.
Par quem ia em busca da carne vermelha, a insatisfação era enorme. A aposentada Lucimar Costa, de 87 anos, disse que com o reajuste do preço, a única estratégia válida era pechinchar. “O chã está muito caro. Antes era 17 ou 18 reais e agora está quase 30. Eu fico procurando comprar mais barato, fico negociando. Tem gente que gosta e outros não, mas é o único jeito senão eu morro de fome. Até parece que pobre não pode mais comer”, comenta.
Entre as alternativas, estão a carne branca (frango e peixe) e os ovos. Ainda na feira da Pedreira, os vendedores não reclamavam do número de vendas, porém temiam pela perspectiva de altas no preço nas próximas semanas. “O preço do ovo aumentou, mas a procura por ele também aumentou até mesmo por conta do mês de dezembro. São muitas receitas de fim de ano que levam ovo e por enquanto crise não tenho aqui”, afirmou o feirante Jefferson Oliveira.
Já a também feirante Jeanne Santana reclamou e disse que, com o aumento no preço das carnes, seria questão de tempo para que outros produtos aumentassem seu valor também. “O problema é que com o reajuste de salário, apesar de ser um aumento miserável, tudo aumenta também. Não vou me espantar se aumentar o preço do ovo, da farinha até porque as pessoas estão procurando comprar mais ovos mesmo”, comenta.
NUTRIÇÃO
De acordo com a nutricionista Raphaela Capela, a carne vermelha é a principal fonte de ferro existente, porém ela pode ser substituída por alimentos com a quantidade semelhante de nutrientes. “O ferro da carne é mais absorvido que o ferro de origem vegetal, como o feijão por exemplo, que também pode ser um substituto. Além do ferro e das proteínas, a carne vermelha é rica em gorduras saturadas que é mais prejudicial. Em contrapartida a carne branca vai ajudar no sentido de quantidade de proteína que é próximo e não terá toda quantidade de gordura, virando uma opção mais saudável e barata”, explicou.
Raphaela também afirmou que ovo pode ser um substituto, porém deve-se tomar cuidado com o colesterol. Outras opções são de origem vegetal. A quinoa, rica em zinco e potássio; o feijão com arroz, juntos, formam aminoácidos considerados fundamentais; além da soja. Porém, Raphaela alerta que ela deve ser consumida com menor frequência, principalmente por homens, devido a questão hormonal.
AUMENTO
No último dia 28 de novembro, o Dieese divulgou uma pesquisa mostrando que a carne bovina teve alta nos preços de mais de 10% nas primeiras semanas de novembro, nos mercados e supermercados da capital.