Um ano após o “Massacre de Altamira”, rebelião no Centro de Recuperação Regional do município da região do Xingu que resultou na morte de 62 presos, detentos e agentes recordam o violento episódio, e o governo estadual informa que no período não houve registro de rebeliões, motins ou assassinatos nas casas penais da região.
“Há um ano eu sobrevivi ao conflito em Altamira e renasci”, diz o detento Carlos Alberto de Araújo. Ele foi transferido para o Complexo Penitenciário de Vitória do Xingu, inaugurado em 4 de novembro de 2019 e para onde foram os presos do Centro de Recuperação Regional de Altamira, após a rebelião.
A violência de gangues nas prisões brasileiras é comum. O “Massacre de Altamira’’ foi provocado pelo confronto entre as facções criminosas Comando Classe A (CCA) e o Comando Vermelho (CV). O CCA atacou o CV. À época, as autoridades de segurança informaram que os internos não mostraram sinais antes do tumulto de que começariam algo tão furioso.
Tudo teria começado no café da manhã. Membros da gangue CCA abrigados em um bloco atearam fogo a outro bloco, que abrigava membros do Comando Vermelho. Dois guardas da prisão foram inicialmente feitos reféns, mas libertados logo após o incêndio ter começado.
TRANSFERÊNCIAS E NOVA ESTRUTURA
Os principais envolvidos no ataque foram transferidos para a Região Metropolitana de Belém e para presídios federais. E atualmente, o Complexo tem 612 vagas e há 380 internos.
De acordo com o governo estadual, os procedimentos foram padronizados, foram designados agentes prisionais concursados e houve treinamentos e capacitações. O espaço também conta quatro torres de vigilância asseguram que não haja quebra de procedimento ou tentativa de fuga.
O interno Romário do Vale presenciou o conflito entre as organizações criminosas e relata o terror que viveu em duas ocasiões e o alívio com as mudanças.
“Em 2018 vivemos outra rebelião em que vários também foram mortos. Antes eu não sabia meu dia de amanhã, hoje eu sei que conseguirei sair vivo daqui”, afirmou.
O agente prisional Aldemir Souza trabalha há 20 anos no sistema penal e diz que hoje se sente seguro. “Já tive colegas que saíram do plantão e nunca mais voltaram. A cadeia era comandada pelos internos. Hoje somos nós quem comandamos”, afirma.
Fonte: O Liberal