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Cibercrimes: criminosos aperfeiçoam táticas de golpes via WhatsApp

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O número de cibercrimes aumentou no Brasil durante a pandemia de covid-19, com mais pessoas conectadas à internet. Os golpes virtuais já existiam, mas pode-se dizer que os criminosos atualizaram as suas táticas de atuação. 

O Brasil é o quarto país mais afetado por ciberataques no mundo, de acordo com Fabio Assolini, analista sênior de segurança da empresa Kaspersky, especializada em segurança para a internet. Para se ter uma ideia, mais de 5 milhões de brasileiros foram vítimas de crimes de clonagem de WhatsApp em 2020, segundo levantamento da PSafe, empresa de segurança digital.

A jornalista Michelle Souza, de Brasília, foi uma das vítimas de golpe. Ela conta que estava trabalhando e conversando com alguns contatos pelo WhatsApp quando recebeu uma ligação. Era uma pessoa fazendo um convite para um evento. Michelle seguiu as instruções que eram passadas pelo telefone: clicou em um link, que gerou um código por SMS e informou o código à pessoa. E o WhatsApp fechou na hora. 

O conhecido golpe de WhatsApp funciona geralmente como aconteceu com Michele: o golpista engana a vítima, para que ela informe um código curto recebido por SMS e, com esse código curto, consegue ativar o WhatsApp da pessoa em outro aparelho. Assim, começa a interagir com os contatos dela, simula uma situação de emergência e pede dinheiro emprestado. “Eu nunca esperava que ia cair numa situação como essa. As pessoas começaram a me ligar, foi tudo muito rápido, rápido mesmo, coisa de menos de cinco minutos”, lembra Michelle. 

Quando o golpista pediu dinheiro em nome de Michelle, um amigo dela não imaginou que poderia ser um golpe e transferiu cerca de R$ 6 mil.  “Eu, no afã de ajudar, nem pensei que poderia ser outra pessoa que estava no lugar dela”, disse o chef de cozinha Simei Noronha. “Eu gostaria que as pessoas aprendessem com o meu erro”, completa. 

O presidente da SaferNet Brasil, Thiago Tavares, explica que todas as redes sociais, as plataformas de e-mail e os mensageiros instantâneos, como WhatsApp e Telegram, contam com um recurso que permite ativar um segundo fator de autenticação para comprovar que você é você mesmo. “Isso resolveria 95% das tentativas de golpes que ocorrem hoje, por exemplo, em redes sociais e aplicativos de mensagens. Mas pouca gente ainda utiliza o segundo fator de autenticação. Quanto mais gente utilizar, maiores serão as dificuldades de esses criminosos terem êxito nas suas ações”. 

E como os golpes costumam ser atualizados, um dos temas do momento é a vacina contra a covid-19.  Tem gente usando o nome do Ministério da Saúde e das secretarias de Saúde para aplicar golpes pelo WhatsApp. Criaram, por exemplo, um perfil falso do secretário de Saúde do Maranhão, Carlos Lula, que é também presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). “O golpista dizia: ‘sobraram algumas doses do lote das vacinas. Você não quer adquirir para o seu município? E pedia um valor para que fizesse a entrega. Obviamente absurdo. As doses de vacina são públicas, são gratuitas”, afirma o secretário.

Neste momento de pandemia, houve também um aumento de crimes relacionados à honra, à imagem e à dignidade das pessoas, segundo a SaferNet Brasil, que citou ainda um pico de casos envolvendo vazamento de imagens íntimas de nudez. A fotógrafa Karim Kahn teve seu aparelho de celular roubado. No momento do roubo, o aparelho estava desbloqueado. Ela recebeu ameaça: se não passasse os dados do banco e as senhas, divulgaria nos grupos de WhatsApp uma foto dela de topless que estava no celular. A ameaça foi concretizada. “Fiquei com muita vergonha. No primeiro dia em que voltei para o trabalho estava de cabeça baixa, pensando: é o meu corpo, o que vão falar de mim? ”

Também neste momento de pandemia, aumentou em 400% o número de reclamações por vendas online, segundo o presidente do Procon de São Paulo, Fernando Capez. “Um número significativo dessas reclamações era de golpes”. Camila de Abreu, publicitária que mora em Brasília, caiu nesse tipo de golpe ao comprar um celular em uma loja na internet. Depois de conversar muito com o vendedor e tirar todas as dúvidas, ela fez a transferência bancária. “Na hora em que eu depositei, uma coisa me dizia que ainda não estava certo. Foi quando tive a curiosidade de pegar o CNPJ da empresa que ele me passou, joguei na internet e vi que era falso”, conta Camila.

Para que os brasileiros não sejam tão afetados pelas fraudes virtuais, uma das saídas apontadas pelos especialistas passa pela educação. “Quando você tem um jovem que entende um pouco mais de tecnologia, os pais, que talvez não entendam tanto, as tias, os avós, responsáveis, eles vão procurar esse jovem para tirar dúvidas. O caminho para a mudança é a educação”, afirma o professor Felipe Azevedo.

Fonte: Agência Brasil

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