Um levantamento feito pela Associação Brasileira do Trabalho Temporário (Assertem) sugere que o trimestre julho-agosto-setembro deve ser de crescimento para esse tipo de contratação em todo o Brasil, com a expectativa de criação de 630 mil vagas – quase 100 mil a mais do que o quantitativo registrado para o mesmo período de 2020.
Embora ainda não haja previsões oficiais sobre isso no Pará, a tendência é de que o Estado siga na mesma linha, com possíveis picos relacionados mais à frente, durante o período da quadra nazarena, mesmo ainda sem a definição sobre a realização ou não do Círio nos moldes tradicionais. A melhora do cenário epidemiológico, puxada principalmente pela aceleração da vacinação no país, é a grande motivadora dessas boas expectativas.
Formalizado em lei federal, o trabalho temporário já vem alcançando resultados expressivos desde o primeiro semestre, e se tornando uma ferramenta de combate ao desemprego. A diretora da Assertem na região Norte, Cilene Campelo, confirma que empresas e o setor público veem a modalidade com bons olhos, já que gera custos menores. “Pode ocorrer em uma substituição transitória, para cobrir férias, licença-médica, treinamento e várias outras demandas complementares de trabalho, e é este último caso o mais comum, com picos observados no final do ano”.
Mesmo sem uma previsão específica, a regional Norte da Assertem aposta na movimentação relacionada ao Círio de Nazaré para puxar essa alta no Pará. “Estamos na expectativa de que, este ano, o Círio seja realizado, e é um evento super conhecido, que movimenta muito o turismo, o mercado e o setor de serviços. Com a vacinação andando, as atividades vão sendo retomadas aos poucos, temos esperança nisso”, reconhece.
Economista e diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese-PA), Roberto Sena antecipa que o órgão só deve divulgar sua estimativa sobre trabalho temporário no próximo mês, mas concorda que o cenário deve ser melhor do que no ano passado.
“À medida que a vacinação vai avançando, não só no Pará mas no Brasil, todas as expectativas de aceleração da economia começam a aumentar. Estamos esperando crescimentos maiores nas oportunidades de contratação, aceleração das oportunidades de negócio. O mercado formal fechou o primeiro semestre com saldo de quase 20 mil contratações, em 12 meses mais de 50 mil postos gerados, e deve haver aumento neste segundo semestre”, avalia. “O contingente de informais aqui é muito grande, mais de um milhão de pessoas, e o que ocorre é que todo segundo semestre aumentam também as contratações deste setor. No ano passado também teve, porque a pandemia bateu mais forte no primeiro semestre, mas esse ano deve ser maior”, explica. Sena faz questão de atrelar toda e qualquer melhora do cenário econômico ao processo de imunização.
COMÉRCIO
Assessora econômica da Federação do Comércio de Bens Serviços e Turismo do Estado do Pará (Fecomércio-PA), Lúcia Cristina de Andrade também concorda que o aumento de paraenses vacinados faz crescer a confiança do público em voltar ao comércio, e o aumento da demanda leva à necessidade de mais contratações – inclusive na indústria.
“Pelas estatísticas do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) houve salto de contratação de vagas temporárias, mas ainda pequeno, em maio, de 90 postos. Mas é positivo, é termômetro, embora ainda exista muita dificuldade, principalmente para os micro e pequenos empresários. O emprego formal teve incremento de quase 3,5%, e isso reflete na economia como um todo. As expectativas são melhores porque ano passado tinha restrição, muito fechamento, agora é outro momento. E temos 13,7% da força de trabalho desocupada, a procura pelo trabalho temporário certamente será grande”, avisa.
ORIENTAÇÕES
Márcia Bentes é especialista em Recursos Humanos e recomenda aos futuros candidatos que se preparem, principalmente para a competição pelas vagas ofertadas. Ela lembra que até mesmo o setor público, via Processos Seletivos Simplificados (PSSs) tem buscado essa mão de obra mais imediata, inclusive para cargos que exigem nível superior.
“Como a duração do contrato, via PSS, é de um ano e pode ser renovado, isso garante trabalho para muita gente: advogados, administradores, economistas, contadores, engenheiros, profissionais de diversas áreas, inclusive da saúde. Embora não haja estabilidade, é uma posição no qual os contratados buscam dar o melhor de si, deixar marca, visando a possibilidade daquele emprego temporário se tornar efetivo”, detalha.
Além das habilidades inerentes ao cargo, vale a pena deixar que sobressaiam também as comportamentais, como liderança, resiliência, empatia, capacidade de lidar com público, falar bem, dentre outros. “Tudo isso é levado em consideração, é importante estar preparado desde a seleção, participar das dinâmicas, mostrar para o RH responsável pela seleção todas as qualidades que a pessoa está disposta a oferecer naquele trabalho”, orienta Márcia.
Fonte: DOL