Com a missão de formar todas as demais profissões, neste 15 de outubro é celebrado um dos mais antigos ofícios do mundo: o Dia dos Professor. No Brasil, são cerca de dois milhões de docentes que enfrentam diversos desafios para formar crianças, jovens, adultos e idosos. Por conta da pandemia, a profissão foi uma das que precisaram se reinventar rapidamente. Isolados em casa, educar se tornou um dos grandes desafios para quem leciona.
Em Belém, a Secretaria Municipal de Educação (Semec) contabiliza 2.731 professores na rede municipal de ensino atuando nas escolas, centros, núcleos e sede. São atendidos mais de 72 mil alunos em 203 unidades educativas. Na rede privada, é em torno de 22 mil educadores em todo o Pará. Um desses docentes é Tharley Seabra, de 41 anos. Através das artes e por iniciativa própria, ele iniciou o projeto “Stop Motion em sala de aula”, que logo envolveu dezenas de estudantes.
A técnica de animação une diversas fotos e são mescladas para criar um vídeo. Ele utiliza o método para estimular o trabalho em equipe dos alunos e proporcionar o acesso a tecnologia. “Os cenários são feitos com materiais recicláveis e brinquedos. Prioriza que os personagens sejam bonecos de brinquedos, pois acaba dando utilidade para objetos que ficavam largados em casa. Mesmo com poucos recursos, os estudantes se envolvem tanto no projeto que botam até as histórias da vida nos roteiros”, explica o professor.
Para ele, o momento mais desafiador, desde o início da pandemia, foi o afastamento do espaço físico. “Não escolhemos a educação a distância, foi algo imposto. Ter que usar exclusivamente a internet, sem aviso prévio, foi difícil para todos. Tanto eu, como os alunos, não tivemos ajuda de custo para que o aprendizado ocorresse com qualidade”, relata o educador.
Destino marcou vida de professor
O pedagogo André Renato de Souza, tem uma feliz coincidência na vida. Hoje, tem motivo em dobro para comemorar: o aniversário e o dia da profissão. Ele conta que apesar da felicidade que sente ao celebrar junto as datas, os professores seguem com um grande desafio no Brasil.
“Educar pessoas que sejam capazes de fazer a diferença ao seu redor num país repleto de desigualdade, intolerância e negacionismo científico é muito árduo, sobretudo com a falta de estrutura e desvalorização da profissão, algo que muitos professores experimentam dia após dia Brasil afora. É necessária muita paixão e força de vontade pra encarar essa jornada, sobretudo estando ciente de todas essas dificuldades”, pontua André.
Além disso, o educador acrescenta que a qualidade no trabalho e saúde mental devem caminhar juntas. Para ele, é um dos principais desafios que a profissão enfrenta e um olhar sensível e atencioso da escola para com o seu professor não deve ser apenas para cuidar do problema, mas principalmente, atuando em caráter preventivo. “Alguns até podem tentar separar vida pessoal e trabalho nesse sentido, mas são seres humanos. Com uma saúde mental debilitada, até a relação professor-aluno é afetada”, acrescenta.
Fonte: O Liberal