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Comandante do Exército diz que crime organizado é a ‘maior ameaça à soberania nacional’

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O general Eduardo Villas Bôas, comandante do Exército, afirmou em entrevista ao programa do jornalista Roberto D’Ávila, na GloboNews, que vê no crime organizado a “maior ameaça à soberania nacional”. Ele disse ainda que o tráfico de drogas está na base da violência no país e que a integração entre os estados é “fundamental” no combate ao crime.

Villas Bôas está à frente do Exército desde 2015. Com a intervenção federal na segurança do Rio de Janeiro e a utilização de homens das Forças Armadas na segurança do estado, o general passou a figurar com mais frequência no noticiário e a ocupar um espaço central no debate sobre criminalidade e violência.

Na entrevista, ele foi questionado por Roberto D’Ávila se o crime organizado era uma das grandes preocupações para o país.”Acredito que vem daí a maior ameaça à soberania nacional”, respondeu Villas Bôas.

“A questão do crime organizado, e tendo a droga como pano de fundo, como base para o que está acontecendo, tanto do ponto de vista da deterioração de valores – uma verdadeira metástese silenciosa que está corroendo a nossa juventude – , quanto como causador da violência. A Polícia Federal estima que aproximadamente 80% da violência urbana esteja ligada direta ou indiretamente à questão da droga”, completou o general.

Villas Bôas afirmou que o crime organizado hoje é “transnacional”, o que exige, segundo ele, uma abordagem “ampla e sistêmica” nas políticas de segurança.

“A integração no combate ao crime organizado é fundamental. Porque o crime se transnacionalizou. E nós temos as nossas estruturas contidas nos espaços dos estados da federação. Nós temos que ir além, tem que haver uma integração no âmbito nacional, não só a integração geográfica, mas integração dos setores de atuação, como também tem que haver uma integração internacional também”, disse.

Questionado se era favorável a uma discussão sobre legalização de algumas drogas, o general respondeu que esse é um “debate fundamental”, porque a situação não se resolverá com soluções “simplistas”.

“Isso tem que ser tratado de forma científica, com abordagem bastante ampla, porque são vários os aspectos a serem contemplados. Tem o aspecto da segurança, mas sobretudo tem o aspecto, a questão da educação, a questão da saúde, a prevenção, enfim, várias questões”, disse Villas Bôas

Intervenção no Rio de Janeiro

Outro tema da entrevista foi a intervenção federal na segurança do Rio de Janeiro, completou um mês na última semana.

Para Villas Bôas, o resultado desse tipo de ação “exige tempo para surtir efeito”. Segundo ele, a violência no Rio decorre de décadas em que partes significativas da população não tiveram necessidades básicas atendidas. “Isso tudo vai se represando e transborda sob forma de violência. Então é um problema com raízes muito profundas”, afirmou.

Villas Bôas voltou a frisar, como tem feito em declarações nos últimos meses, que o emprego de homens das Forças Armadas na segurança pública deve ser uma ação de prazo determinado, senão os “efeitos deixam de ser positivos”.

De acordo com o general, o papel das Forças Armadas nesses casos não é resolver os conflitos sociais, mas garantir a estabilidade e a segurança para que “outros vetores de atuação do estado e do governo” possam atuar.

Ele deu como exemplo o período que o Exército passou na favela da Maré.

“Nós, por exemplo, passamos 14 meses na favela da Maré. Houve períodos em que nem mesmo o lixo era recolhido. Então aquele caldo, aquele ambiente social extremamte prejudicial não se alterou. Em consequência, uma semana depois de termos saído, voltou ao status quo anterior”, disse Villas Bôas.

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