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Produtores buscam alternativas para escoar produção no período chuvoso; estradas estão intrafegáveis

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O período chuvoso na Amazônia é sinônimo de preocupação para produtores de municípios localizados às margens das rodovias BR-163 (Santarém-Cuiabá) e BR-230 (Transamazônica), em razão das péssimas condições de trafegabilidade. Dentro dos municípios, as estradas vicinais também oferecem boas condições e muitos produtores se veem obrigados a bancar do próprio bolso os serviços para garantir o escoamento da produção.

Em Placas, as vicinais do Codó e do Arrependido receberam serviços durante o período de verão de 2018, o que tem garantido o escoamento de grãos, frutas e hortaliças das propriedades das margens das duas estradas e do entorno. Mas há outras estradas que nem chegaram a receber os maquinários da prefeitura porque as chuvas começaram a cair mais cedo.

De acordo com o presidente da Câmara Municipal de Placas, Gilberto Matias (MDB), faltou agilidade da Secretaria de Infraestrutura para fazer a manutenção chegar a mais estradas. “Tá precisando dar mais incentivo para o trabalho do nosso pessoal da infraestrutura, porque máquina tem, basta que todos ganhem aquilo que merecem, assim eu acredito que nossos agricultores teriam dias melhores. Eu quero que todas as nossas estradas sejam recuperadas para dar acesso aos nossos agricultores. Todo ano é esse sofrimento sem ter estrada boa para escoar a produção”, disse.

Segundo informações da Prefeitura de Placas, apesar do período chuvoso, nos dias de sol várias frentes de trabalho estão executando obras para dar trafegabilidade à população e aos produtores. Nos últimos dias, as vicinais 240 Sul e 240 Norte foram recuperadas.

No município de Uruará, a situação não é diferente, e quem precisa levar a sua produção para grandes centros e até para fora do país, como Elcy Gutzeit, conhecida como rainha do Cacau, que é considerada a maior produtora desse fruto do município, não pode ficar contando só com a boa vontade da gestão municipal. Muitas vezes, precisa investir recursos na recuperação de ramais.

Com a recente visita do Ministro de Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas à região, Elcy está na expectativa de que pelo menos a BR-163 seja concluída até o final deste ano.

Na propriedade de Elcy, a fazenda Panorama, a produção dos mais de 200 mil pés de cacau é vendida para a Olam International (Cingapura), Barry Callebaut (Suíça) e Cargill (EUA). Está nos planos da empresária expandir a plantação para 1 milhão de pés de cacau nos próximos anos, mas para isso, ela diz que é necessário que os governos municipal, estadual e federal deem condições de escoamento para a produção.

Uma aposta da fazenda para se consolidar no mercado nacional e entrar no mercado internacional é a produção do cacau fino ou cacau gourmet, como também é conhecido. “As expectativas são muito boas e passam pela pavimentação das nossas estradas. Nosso pensamento é incentivar também outros produtores para sermos referência na produção do cacau fino da Amazônia”, pontuou Elcy.

Dificuldades

A produção hoje comandada por Elcy Gutzeit, começou na década de 70, por iniciativa de seu pai Hervino Gutzeit, que veio do estado do Espírito Santo. Naquela época, a vida na Amazônia era ainda mais difícil que nos dias atuais, muitas populações viviam no isolamento por falta de estradas. Apesar das dificuldades, a família Gutzeit se instalou no quilômetro 140 da rodovia Transamazônica, onde fundou a Fazenda Panorama.

Segundo Elcy, no início da produção, sua família recebeu apoio da Ceplac (Comissão Executiva do Plano de Lavoura Cacaueira), com a distribuição de mudas de cacau. “Com estradas ruins, dificuldade de comunicação e poucos investimentos do governo na Amazônia, minha família teve que desbravar essa região. A vantagem é que aqui o solo é fértil e as condições climáticas favorecem a produção. Além disso, não temos por aqui pragas como a vassoura de bruxa que é um pesadelo para os cacauicultores do sudeste do país”, contou.

Não se engane quem pensa que para obter sucesso na lavoura de cacau é só plantar e esperar a colheita. Elcy destaca como indispensável a elaboração de um planejamento extremamente bem articulado, que considere as questões climáticas da região, pois a agricultura vai depender muito das variações do clima. Primeiro é feito o plantio de bananeiras que vão dar sombra para as mudas, assim a árvore adulta irá vingar.

Segundo Elcy, na sua fazenda, os pés de cacau começam a dar frutos entre dois anos e meio a três anos. Mas, com a técnica de enxertia, a expectativa é ter genes que podem chegar a produzir a partir de um ano e meio. Em geral, a colheita da safra se dá entre maio e junho.

G1 Pará

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