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O Pará pede paz

A violência é assustadora em cidades como Belém, Marabá, Parauapebas e Altamira, dentre outras. Ninguém está protegido, nem mesmo dentro de casa

Foto: Reprodução das Redes Sociais
Foto: Reprodução das Redes Sociais
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Caso realmente se disponha a pegar o jatinho do governo do estado para se fazer presente em locais de chacinas e outros tipos de crimes violentos – como fez no dia (15/5) indo a Altamira e interrompendo sua pré-campanha à reeleição, que corre o risco de ser carimbada com sangue e insegurança pública -, o governador Helder Barbalho terá muito trabalho.

A violência é assustadora em cidades como Belém, Marabá, Parauapebas e Altamira, dentre outras. Ninguém está protegido, nem mesmo dentro de casa.

As ações do crime organizado apontam para a existência de um governo paralelo, comandado por facções – que também se digladiam na supremacia por pontos de venda de drogas e domínio de áreas onde a presença do aparato policial do governo oficial é quase nula.

As grandes distâncias do Pará e suas dimensões continentais foram muito bem mapeadas pelas organizações que migraram do sul e sudeste para o Norte do País, estabelecendo suas bases em grandes cidades como Belém e Manaus. O comando central dessas organizações se faz de dentro das penitenciárias, de onde saem ordens para identificar e executar policiais militares – da ativa ou reserva -, policiais civis, guardas municipais e agentes penais vistos como inimigos no ambiente do sistema carcerário paraense.

Em vários bairros de Belém as áreas de domínio dos criminosos estão claramente demarcadas e o próprio setor de inteligência da segurança estadual sabe disso. Comerciantes e moradores já pagam mensalidades para ter a “segurança” que o estado oficial não é capaz de oferecer. “É proibido assaltar morador dentro da quebrada”, dizem inscrições em paredes de ruas e vielas da capital paraense.

É um aviso de intimidação e medo para quem sair da linha e atrair a atenção da polícia, que não refresca a bandidagem. O crime virou um negócio lucrativo e seus “empresários” não admitem prejuízos. Até pontos de jogo do bicho, outrora intocáveis, também se dobraram às ordens das facções. Quem não se enquadra sofrerá graves consequências. Em boca fechada e bolso aberto não entra formiga. Melhor é colaborar. É a regra “moral” vigente.

A execução com pelo menos 50 tiros, ontem, 15, do sargento da reserva da Polícia Militar, Raimundo Nonato Menezes Pereira, de 55 anos, e de um sobrinho dele, Leandro de Jesus Menezes, de 17, no residencial Viver Melhor, em Marituba, foi mais um exemplo de que é muito perigoso fazer “concorrência” e montar um pequeno negócio em área dominada por criminosos ligados às facções que dão as cartas no Pará.

O sargento tinha uma pequena venda de açaí no local e morreu por ser ex-militar e também por infringir a ordem de quem “manda no pedaço”.

Eis o estado a que chegamos. O Pará está em guerra: de um lado, as forças de segurança, diariamente envolvidas em múltiplas tarefas de combate aos crimes comuns e também de repressão às facções criminosas. Elas fazem o que podem, com limitações de contingente, armamentos e baixos salários. Os policiais moram nas mesmas áreas dos bandidos que combatem. Ou seja, a segurança deles, oferecida pelo Estado, é zero.

Do outro lado, a máquina organizada dos fora da lei, que aposta no terror, na intranquilidade dos cidadãos e na insegurança pública para conquistar espaço cada vez maior na sociedade. E com um detalhe: o crime virou uma indústria, com dirigentes que, fora das cadeias, residem em ambientes de luxo e ostentação.

No meio dessa guerra social estão os cidadãos e cidadãs de bem, os que lutam para tirar com o suor do próprio rosto o sustento diário de suas famílias. Gente que precisa de paz na rua e no bairro onde mora para transitar livremente sem se submeter ao terror cotidiano de sair de casa sem saber se voltará com vida ao convívio familiar.

Quando isso terá fim, governador?

(Com Carlos Mendes)

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