A Polícia Federal deflagrou nesta sexta-feira (5) a segunda fase da operação Q.I. – Quem Indica, que investiga a contratação de profissionais por meio de indicações no início do mandato de Helder Barbalho (MDB).
Foram cumpridos 12 mandados de busca e apreensão nas casas e endereços funcionais de desembargadores do Tribunal de Justiça do Estado do Pará (TJPA).
Após análise de itens apreendidos na primeira fase da operação, realizada na quinta (4), a PF pediu mais mandados de busca e apreensão porque entendeu que há “risco de desaparecimento de provas materiais dos delitos investigados”.
Não foi detalhado o que foi apreendido nesta sexta-feira, nem se os alvos são os mesmos investigados da fase anterior ou se novos alvos.
Mais de 40 policiais cumpriram as “novas medidas cautelares expedidas pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ)”‘, segundo a PF. Integrantes da Procuradoria-Geral da República (PGR) acompanharam as buscas.
Na quinta, segundo a PF, “foram localizados documentos que, em tese, revelam uma maior amplitude do possível ‘loteamento de cargos comissionados, com outras nomeações de ”apadrinhados’ de Magistrados do TJ/PA em diversos órgãos no âmbito do Poder Executivo Estadual”, informou a PF.
Entre esses documentos estão “comprovantes de pagamentos e extratos bancários que demonstram a utilização da conta pessoal de um servidor para pagamento de contas de titularidade de magistrado”, diz a PF em nota.
“O que aparentemente pode indicar a ocorrência de situação popularmente nominada de ‘rachadinha'”, diz ainda a PF.
A investigação segue em andamento. Na quinta-feira (4), o Tribunal de Justiça do Pará informou que não ia se manifestar.
Já o Governo do Pará informou que “colabora com os órgãos de investigação e confia na justiça. Esclarece ainda que todos os funcionários que são alvo da operação foram contratados entre 1993 e 2015”.
Sobre a operação
A Polícia Federal cumpriu na quinta-feira (4) 30 mandados de busca e apreensão contra desembargadores do TJPA e servidores do Governo do Pará.
A investigação iniciou em 2020 com a análise do material apreendido na Operação “Para Bellum”, que apurou fraudes na compra de respiradores pelo Governo do Pará, durante a pandemia de Covid-19.
Em um dos celulares apreendidos, que estava com o ex-Chefe da Casa Civil, Parsifal Pontes, foram identificadas mensagens que, segundo a Polícia Federal, mostraram “desembargadores do Tribunal de Justiça do Estado do Pará, valendo-se de seus cargos, patrocinaram, em tese, direta e indiretamente, interesses privados perante a Administração Pública, ao indicar “apadrinhados” (parentes e amigos) para cargos em comissão em diversos órgãos do Poder Executivo do Estado do Pará”.
Ainda segundo a PF, foram encontrados indícios, no mesmo celular, de que Parsifal Pontes, em conjunto juntamente com membros da cúpula do Governo “praticaram atos de ofício contra disposição expressa de lei para satisfazer interesses pessoais, nomeando e/ou mantendo “apadrinhados” indicados por Desembargadores do Tribunal de Justiça do Estado do Pará para cargos em comissão no Poder Executivo do Estado do Pará”.
Servidores de órgãos do Poder Executivo estadual também foram alvo da Operação Q.I. – Quem Indica – que recebeu esse nome em alusão à sigla informal “Quem Indica” , usada popularmente em referência às indicações de trabalho baseadas nas relações interpessoais e de amizade, não levando em consideração as habilidades e conhecimentos formais dos candidatos a uma vaga de trabalho.
Fonte: G1 Pará