Quando se fala em amor, o coração sempre aparece como símbolo. E é o amor ao coração que deve ser adotado por quem não quer ter complicações com o passar dos anos. Na casa de dona Maria Benedita Palheta, 78 anos de idade, empregada doméstica aposentada, no bairro da Guanabara, em Ananindeua, prevenir doenças do coração é uma prática rotineira. E essa atitude é seguida pela filha dela, a servidora pública Alessandra Palheta, 42 anos. O foco das duas e mais os filhos de Alessandra é prezar pela qualidade de vida. Até porque, segundo o cardiologista Rodrigo Souza, diretor científico da Sociedade Paraense de Cardiologia (SPC) e fellow da Sociedade Europeia de Cardiologia, as doenças do coração ainda se apresentam como a principal causa de morte de pessoas no mundo e, até agora, no Brasil, respondem por 300 mil mortes (quase mil mortes até por volta das 21h30 desta quarta).
“As doenças cardiovasculares são a principal causa de óbito no mundo. O Brasil, e mais especificamente, o Pará está inserido neste cenário. Para se ter uma ideia da situação atual, a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) criou um site de acompanhamento – cardiometro.com.br – e neste exato momento que escrevemos sobre o assunto (20 horas desta quarta), registram-se 299.485 óbitos por doencas cardiovasculares no Brasil em 2022″, destaca o médico Rodrigo Souza.
Por outro lado, como diz, “observa-se que tem havido um declínio gradual desses índices na série histórica de 2000 a 2018”. “Ainda assim os números são bastante elevados. Os hábitos da vida moderna, tais como estresse, sedentarismo e má alimentação levam ao desenvolvimento dos fatores de risco – hipertensão, diabetes, alterações de colesterol e triglicerídios que estão intimamente ligados à ocorrência dos eventos cardiovasculares – infarto do miocárdio e acidente vascular encefálico”, salienta Rodrigo Souza.
“Cuidar do coração é um hábito que deveria fazer parte do nosso dia a dia e não custa caro. Realizar atividades físicas, manter alimentação equilibrada, dormir bem, reduzir o estresse e evitar o tabagismo são medidas simples com custo reduzido. A máxima de que é melhor prevenir do que remediar nunca fez tanto sentido! Assistimos pessoas cada vez mais jovens apresentando infarto do coração e morte súbita”, acrescenta o médico.
Atenção
“Eu tomo os meus medicamentos para regular a pressão arterial, vou sempre ao médico, faço exames, esta semana eu fui e graças a Deus não tenho nada no coração; a minha alimentação é controlada”, declara dona Benedita. Para ela, a pessoa cuidar-se para não adoecer. Ela tem recebido, inclusive, parabéns da médica. Benedita evita consumir sal.
Benedita e Alessandra: unidas no cuidado com o coração (Foto: Márcio Nagano / O Liberal)
Alessandra Palheta revela que a família mudou o ritmo da alimentação. “Para prevenir doenças, eu faço exercícios físicos, por três vezes na semana, faço academia durante a semana e ainda faço boxe”, conta. Ela diz que tudo isso para queimar calorias e contribuir para ela ter uma boa terceira idade. “Na questão da alimentação, a família toda já aderiu, só falta aderir ao exercício físico”, destaca. Mas, uma filha dela já comparece à academia.
A alimentação da família abrange legumes, verduras e mais proteínas e um sal não mais refinado. Outra ação de mãe, filha e netos é tomar bastante água. Práticas como essa são reforçadas no Dia Mundial do Coração, nesta quinta-feira, 29 de setembro.
Atendimento
O Hospital de Clínicas Gaspar Vianna é o único centro de referência em cardiologia do Pará. O hospital possui uma estrutura apta para diagnosticar e tratar adultos e crianças no que se refere ao atendimento tanto de cardiologia clínica quanto de cirurgia cardíaca. Neles, são realizados desde de implante de marcapasso definitivo, passando por cirurgias em adultos de ponte de safena, revascularização do miocárdio, trocas e plásticas valvares até cirurgias mais complexas como aneurisma de aorta.
São também realizados procedimentos em crianças com as cardiopatias congênitas mais diversas, desde as tecnicamente mais simples como comunicação interventricular, persistências de canal arterial passando por cardiopatias bem complexa. Mais do que realizar cirurgias cardíacas, o hospital dispõe de laboratório de hemodinâmica onde são realizados os CATEs – procedimento que consiste na introdução de um cateter, que é um tubo flexível extremamente fino, na artéria do braço ou da perna do indivíduo, que será conduzido até o coração -, e as angioplastias percutâneas com colocação de stents. Esses procedimentos são utilizados no atendimento dos pacientes com infartos agudos do miocárdio em caráter eletivo ou emergencial.
A média mensal de cirurgias cardíacas no HC é de 60, sendo que destas de 30 a 40 são em adultos e 20 em crianças, como ressalta Aldine Miranda, coordenadora médica da Enfermaria Cardiológica e Cirúrgica do HC. A maior parte dos atendimentos ainda são dos homens, mas também se tem alta prevalência de cardiopatia nas mulheres também. A prevenção às doenças do coração se dá nos postos de saúde, quando se trata colesterol alto, da pressão arterial, diabetes. Mas quando a doença já está estabelecida, entra o atendimento do HC, de alta complexidade.
Benedita e Alessandra: cuidados com o coração (Foto: Márcio Nagano / O Liberal)
Prevenção
A cardiologista Giovanna Moura destaca ser fundamental a pessoa se consultar com um médico regularmente e tabém praticar exercícios físicos, manter alimentação saudável, controle do estresse. Ele ressalta que a principal doença cardiológica é a doença aterosclerótica (acúmulo de placas de colesterol nas paredes das artérias, causando a obstrução do fluxo sanguíneo), provocada por várias doenças como diabetes, hipertensão, e se configura como a principal causa de morte no mundo e no Brasil também. Leva o paciente ao AVC e ao infarto.
“Deve-se ir ao médico regularmente para tratar de alguma comorbidade, isso é o princial e ter a manutenção do peso adequado, entre outros cuidados, para prevenir doenças e evitar que você desenvolva problemas cardíacos no futuro”, arremata.
Fonte: O Liberal