Search
Close this search box.

Pará tem muito mais beneficiários do Bolsa Família do que trabalhadores de carteira assinada

Benefício é destinado a famílias em situação de pobreza e passa por revisão do governo federal

Bolsa Família passa por revisão (Divulgação)
Bolsa Família passa por revisão (Divulgação)
Continua após a publicidade

O Pará conta com muito mais beneficiários do Bolsa Família do que trabalhadores de carteira assinada. Segundo os dados mais recentes do Ministério do Desenvolvimento Social, Família e Combate à Fome, antigo Ministério da Cidadania, que administra a ação, o Estado conta com 3.858.802 beneficiários do programa, contra 809.100 trabalhadores com carteira assinada, de acordo com informações do Dieese do Pará embasadas na Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), do IBGE. 

Para o economista Nélio Bordalo Filho, conselheiro do Conselho Regional de Economia do Pará e Amapá (Corecon PA/AP), o principal objetivo do Bolsa Família é contribuir para a superação da pobreza, no caso de famílias que vivem em vulnerabilidade social. Contudo, há um grande risco de que essas pessoas fiquem por muito mais tempo dependentes do programa do que se gostaria. “O  Bolsa Família transforma a pessoa em dependente e, para reduzir o número elevado de beneficiários, seria imprescindível que o programa social estivesse  vinculado a políticas públicas que gerassem condições para qualificação profissional e oportunidades de empregabilidade em parcerias com a iniciativa privada”, acredita. 

Segundo Nélio, além de não ser possível gerar tantos postos de trabalho formais no Estado, para absorver toda essa gama de pessoas, os beneficiários do programa, muitas vezes, não possuem qualificação profissional para as vagas abertas. “As empresas contratam quem está qualificado para exercer aquela função, por isso, hoje, a concorrência é bem grande”, reforça.

Segundo ele, o elevado número de beneficiários do programa gera impactos positivos e negativos para a economia do Estado. “A parte positiva é que o  programa paga um valor mensal para que as famílias possam usar com base nas suas necessidades,  estimulando o consumo e, consequentemente, o comércio e a prestação de serviços, principalmente no interior do Pará. Já o ponto negativo está justamente ligado a essa dependência, pois falta profissionalização e oportunidade de emprego para essas pessoas, que, de um lado, não conseguem aumentar a renda das famílias e, de outro, não são absorvidas pelo mercado de trabalho”, pontua. 

Cadastro do Bolsa família em revisão pode deixar milhares de fora

Hoje, em todo o País, o Bolsa Família beneficia 21,9 milhões de famílias. Contudo, segundo informações do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, há indícios de que 2,5 milhões estão recebendo o programa de forma irregular. Por isso, os cadastros do programa estão em revisão. Além disso, o governo federal também já divulgou que irá desenvolver programas para que as famílias consigam melhorar a renda, sem necessitar do Bolsa Família. 

Universitária recebe o auxílio desde que era criança

A universitária paraense Brenda Letícia Silva, de 21 anos, estuda Filosofia na Universidade do Estado do Pará (Uepa) e conta que recebe o Bolsa Família desde que era criança. Depois que se tornou adulta, automaticamente passou a contar com o benefício de maneira individual. Oriunda de uma família de feirantes, ela diz que não teria conseguido chegar até a universidade sem esse auxílio, que, hoje, é de R$ 600. 

“Eu não tenho emprego fixo, estou me dedicando exclusivamente à universidade e conto apenas com o apoio da minha família e o benefício. Esporadicamente, faço alguns trabalhos como fiscal de concurso e alguns serviços de autônoma, mas a universidade e os projetos de extensão são minha prioridade. Se não fosse o Bolsa, eu estaria numa situação muito complicada, pois provavelmente teria que estar em alguma jornada de trabalho extensiva, o que certamente afetaria o meu desempenho como estudante. O que desejo é poder conseguir um emprego formal no futuro, depois que conseguir me formar”, conta ela, que hoje mora sozinha com a companheira. 

Fonte: O Liberal

Compartilhe essa matéria:

WhatsApp
Facebook
Twitter
LinkedIn

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *