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Professores indígenas do Médio Xingu iniciam curso de Licenciatura Intercultural na UEPA

Docentes vão contar com apoio da Norte Energia com alimentação, transporte e estadia. Serão quatro anos de formação, em oito módulos de dois meses, ministrados nas férias escolares

Foto: Particular Filmes / Divulgação Norte Energia
Foto: Particular Filmes / Divulgação Norte Energia
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Neste mês, 40 docentes do Território Etnoeducacional Médio Xingu (TEEMX) começaram uma jornada que vai durar quatro anos: o curso de Licenciatura Intercultural Indígena, ministrado pela Universidade do Estado do Pará (UEPA). A iniciativa conta com o apoio da Norte Energia, concessionária da Usina Hidrelétrica Belo Monte. As aulas do primeiro módulo tiveram início no dia 5 de janeiro e vão até o dia 29 de fevereiro, no campus Altamira, na região Sudoeste do estado.

Todos os selecionados, já atuam como professores em seus territórios e, agora, chegam ao Ensino Superior. Para alguns deles, a conquista de uma vaga em uma universidade pública representava um sonho distante, devido a adversidades como a localização remota dos territórios, impossibilidades financeiras e até disponibilidade de tempo. 

O formato é diferenciado. Apesar de o prazo para a conclusão ser semelhante ao de outros cursos, as aulas serão ministradas de forma intensiva, por dois meses, durante as férias escolares. Cada modulo é realizado em período integral, ou seja, com atividades pela manhã e à tarde. O modelo foi pensado para que a qualificação dos docentes não comprometa o calendário das escolas indígenas do Médio Xingu, onde o grupo trabalha dando aulas para crianças e adolescentes.

“Esse caráter intercultural do curso garante a especificidade dos saberes indígenas e não-indígenas e preenche uma lacuna histórica. Temos muitos professores formados pelo Magistério Indígena, que conseguem atender até o 5º ano, mas temos uma lacuna muito grande de professores atuando do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental e no Ensino Médio. Essa iniciativa vai ocupar parte desse espaço”, avalia Joelma Alencar, coordenadora do Núcleo de Formação Indígena da UEPA.

A Norte Energia participa da iniciativa custeando alimentação, estadia e transporte dos 40 professores indígenas, durante o período de aulas. A empresa também preparou uma recepção especial para os docentes em Altamira, no dia 5, com um coffee break para o início das atividades e entrega de camisas para os participantes.  

“Além de promover um avanço acadêmico desse grupo, a formação, que é realizada pela primeira vez no Médio Xingu, vai fazer com que a população das nove etnias indígenas que compõem a região tenha novas oportunidades de acesso à educação, sem que seja necessário deixar esses territórios. E a Norte Energia se orgulha de fazer parte dessa história”, disse Bruno Bahiana, assessor socioambiental master da Norte Energia.

O processo seletivo foi feito em duas etapas. Na primeira delas, os candidatos precisaram desenvolver uma redação com a temática vinculada a questões indígenas. Na segunda fase, foram submetidos à análise curricular.

Discussões para realização do curso

As articulações para a realização do curso de Licenciatura Intercultural Indígena da UEPA duraram cerca de 10 anos e tiveram participação da Norte Energia. As discussões para essa importante ação de qualificação profissional foram realizadas, dentro da empresa, no âmbito do Plano Básico Ambiental – Componente Indígena (PBA-CI), por meio do Programa Educação Escolar Indígena (PEEI). Nele, a companhia atua apoiando a participação dessa população em reuniões, fóruns e capacitações. Um dos canais fortalecidos com essas ações é o TEEMEX, que mantém a regularidade das reuniões, devido ao apoio da empresa.

Durante todo processo de discussão para a implantação do curso, a Norte Energia forneceu apoio técnico aos indígenas, na elaboração de documentos, e atuou em ações nas aldeias para discutir a educação escolar e melhorias necessárias. A companhia também auxiliou na logística para que os indígenas fossem a Altamira participar das reuniões.

“É uma conquista dos povos indígenas, que estiveram sempre na luta por esta formação específica e diferenciada, como é garantido desde a Constituição de 1988. Para que esses alunos estejam em sala de aula, precisamos de parceiros como a Norte Energia, que está dando todo o apoio logístico. Com isso, garantimos, não só o início desse curso, mas que ele possa se desenvolver dentro do que está previsto em seu projeto político pedagógico”, analisa Joelma Alencar, coordenadora do Núcleo de Formação Indígena da universidade.

O curso de Licenciatura Intercultural Indígena já é realizado em cerca de dez universidades públicas em todo o Brasil, mostrando a necessidade e a relevância dele na valorização da cultura e na sistematização do conhecimento sobre os povos tradicionais. A UEPA já formou quase 15 turmas e há outras cinco em andamento, que contemplam outros povos e outros territórios etnoeducacionais. Cada equipe de professores tem estudos específicos com os povos atendidos, respeitando as diferenças entre eles.

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