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Fazendeiros promovem ‘Dia do Fogo’ no sudoeste paraense

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Após fazendeiros do entorno da BR-163 no sudoeste do Pará anunciarem o “dia do fogo” para o último sábado (10), o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) registrou uma explosão de focos de incêndio na região, segundo monitoramento do Programa Queimadas. O Ministério Público Estadual investiga o caso.

Principal cidade da região, Novo Progresso (1.643 km a sudoeste de Belém) sofreu um aumento de 300% em casos de focos de incêndio no sábado em comparação a sexta-feira (9). Com 124 registros, foi o recorde do ano. No domingo (11), já pulou para 203 casos. Nos últimos dias, a cidade conviveu com uma densa nuvem de fumaça.

Em Altamira, cuja parte do território está na área de influência da BR-163, o salto no sábado foi ainda maior, 743%, com 194 casos. No domingo, foram 237 ocorrências de fogo. Imagens de satélite mostram que grande parte desses incêndios está concentrada no entorno da rodovia.  Com esses números, Altamira e Novo Progresso lideraram o ranking de municípios com mais registros de fogo do último fim de semana, segundo o relatório diário do Programa Queimadas. Em seguida, aparecem Colniza (MT), Porto Velho (RO) e Apuí (AM).

O “dia do fogo” foi revelado no último dia 5 pelo jornal Folha do Progresso, de Novo Progresso. De acordo com a publicação, os produtores se sentem “amparados pelas palavras do presidente” Jair Bolsonaro (PSL) e coordenaram a queima de pasto e áreas em processo de desmate na mesma data. O objetivo, segundo um dos líderes ouvidos sob anonimato, é mostrar para o presidente que querem trabalhar.

Ao longo dos últimos anos, o Ibama mantinha uma base de fiscalização em Novo Progresso durante o período seco. Em 2019, porém, a operação foi cancelada devido à falta de apoio tanto da PM do Pará, que há dois meses deixou de apoiar o órgão ambiental federal, quanto da Força Nacional, ligada ao Ministério da Justiça.

Um dos maiores alvos dos grileiros da região é a Floresta Nacional (Flona) do Jamanxim. Trata-se da unidade de conservação federal mais devastada do país nos últimos 12 meses, segundo o Inpe. A perda de cobertura vegetal nesse período chegou a 135 km², quase uma vez e meia a área de Vitória (ES). Outra unidade de conservação com diversos focos de incêndio e sob pressão dos grileiros é a Reserva Biológica Nascentes da Serra do Cachimbo. Apesar de a legislação não permitir sequer a presença humana, há diversas invasões, principalmente para criação de gado.

O Ministério Público Estadual do Pará em Novo Progresso abriu investigação para apurar o “dia do fogo” e afirma ter acionado a Polícia Civil, que ouviu três pessoas na última semana. O aumento nas queimadas acontece quase um mês depois de o presidente Jair Bolsonaro ter dito, no último dia 19 de julho, que não acreditava nos dados divulgado no site Inpe referentes ao aumento do desmatamento na Amazônia, que, segundo o sistema Deter, foi maior em junho e julho de 2019 em relação aos mesmos meses de 2018.

Após reagir às críticas de Bolsonaro, Ricardo Galvão, então diretor do Inpe, foi exonerado. Ele já havia tido atritos com o ministro Ricardo Salles (Meio Ambiente), crítico à atuação do instituto.  Foi nomeado diretor interino do instituto Darcton Damião, oficial da Força Aérea que tem mestrado pelo Inpe e doutorado em desenvolvimento sustentável pela Unb. A publicação saiu nesta semana no Diário Oficial da União.

Fonte: DOL

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