Técnicos da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Pará (Emater) e do Banco do Estado do Pará (Banpará) participam desde a última segunda-feira (9/9), até essa sexta-feira (13 setembro), da capacitação em Sistema de Produção de Cacau em Sistemas Agroflorestais (SAFs) e Crédito Rural. A programação é realizada pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap), por meio do Programa Territórios Sustentáveis (TS), e ocorre na Estação Experimental José Haroldo (Erjoh), da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac).
Com o financiamento do Fundo de Apoio à Cacauicultura do Estado do Pará (Funcacau), a capacitação abrange temas como manejo, formas de produção e processamento final para o mercado. A finalidade é que os técnicos da Emater se atualizem sobre a cultura, visando à elaboração de projetos de créditos rurais para produtores que queiram financiar sua lavoura com linhas de crédito do Banpará, informou o engenheiro agrônomo Tiago Leão, que integra a equipe do Programa Territórios Sustentáveis da Sedap.
“Participam 20 técnicos da Emater e três do Banpará, além de alguns servidores que a Sedap trouxe. Esses técnicos estão em todas as regionais da Emater, e aqui participam representantes dos municípios onde a Sedap tem convênio com as prefeituras para executar o Programa no município”, detalhou Tiago Leão.
Essa é a primeira das capacitações previstas não apenas na Ceplaç, mas também em outras áreas do Estado.
Atualização – Um dos participantes da capacitação é o engenheiro florestal Fernando Araújo, supervisor da Regional da Emater em Marabá, no sudeste paraense. Para ele, é importante a atualização sobre o cacau para tirar dúvidas e levar mais informação ao produtor. Segundo ele, isso resulta no desenvolvimento da cadeia produtiva implantada no Estado.
“No primeiro dia a gente viu sobre a parte endoclimática, ou seja, que trabalha com a parte do clima do cacau, dentro das áreas de ocorrência no Estado, os estudos dividindo os locais mais propícios para o cacau. Tem a parte do solo mais propícia para a cultura e também sobre a implantação. Dentro dessas condições, dá para elaborar melhor um projeto de crédito rural”, disse Fernando Araújo.
A Regional Marabá da Emater, informou o técnico, trabalha com 21 municípios, abrangendo desde Piçarra até Novo Repartimento, que está entre os municípios destaque na produção cacaueira.
Conteúdo – O coordenador de Pesquisa e Inovação da Ceplac na Amazônia, Fernando Mendes, que ministra a capacitação, disse que selecionou temas que podem ser aproveitados pelos técnicos de imediato. Entre eles, plantio de cacaueiro; sistema de plantio, incluindo o Sistema Agroflorestal, que é a base do sistema de produção de cacau no Pará; ecofisiologia do cacau (onde, quando e como plantar), e como escolher um polo cacaueiro que seja benéfico ao produtor.
“Vamos falar durante a capacitação um pouco da economia regional, nacional e internacional do cacau, que é para podermos saber em que contexto da economia de cacau o Pará está vivenciando, e vamos terminar na sexta com informações sobre como se projeta economicamente uma área de cacau. Teremos análise econômica e financeira, já que temos no grupo os técnicos do Banpará que estão trabalhando conosco essa atividade”, informou Fernando Mendes.
Além do conteúdo teórico, a capacitação conta com a parte prática, na qual os técnicos percorrem as plantações de cacau da Estação Experimental da Ceplac. São pelo menos 70 hectares de plantio do fruto de diversas formas, disse Fernando Mendes, onde tudo o que está sendo repassado aos técnicos pode ser conferido em campo.
“Nós vamos para o campo e vê a realidade do que falamos na capacitação, como ecofisiologia, solo, clima, como podar, que altura, que tipo de sombreamento, quanto de sol entra e quanto de sombra fica, que tipo de evolução é capaz de acontecer. Tudo o que falamos na nossa sala a gente vê na prática”, acrescentou.
A coordenadora Técnica da Emater, Cristiane Correia, que acompanhou a capacitação, ressaltou que pelo fato de a Emater ser o órgão oficial do Estado responsável pela assistência técnica e extensão rural aos pequenos e médios produtores, e populações tradicionais, além de estar presente em todos os 144 municípios do Estado, é importante a atualização dos técnicos em temas relevantes, como a cultura cacaueira, que impacta na vida de milhares de produtores da fruta.
“Os sistemas florestais têm uma frente tanto de combate à questão do desmatamento, quanto às mudanças climáticas e à produção de alimentos, porque dentro deles a gente pode inserir frutíferas e culturas alimentares. É algo muito importante na questão da produção. Essa parceria com as instituições converge para que tanto o Estado quanto a Ceplac fortaleçam o protagonismo do Pará na implantação dos sistemas agroflorestais, no combate ao desmatamento e na convergência das mudanças climáticas”, disse Cristiane Correia.