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Seca intensa prejudica a trafegabilidade nos rios da região do Xingu (PA)

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O Rio Xingu, um dos principais rios do Estado do Pará, enfrenta sérios problemas devido à seca. O rio, que nasce em Mato Grosso e corta o Pará, é o mesmo que abriga a Usina Hidrelétrica de Belo Monte, considerada a maior genuinamente brasileira e responsável por cerca de 11% da produção energética do país. No entanto, neste período crítico, a usina está contribuindo com menos de 1%, comprometendo o Sistema Interligado Nacional.

Foto: Divulgação/Norte Energia

Foto: Particular Filmes – Divulgação/Norte Energia

A Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) declarou, no último dia 30 de setembro, situação crítica de escassez hídrica no Rio Xingu e em seu afluente, o Rio Iriri. Essa medida, que se estende até 30 de novembro de 2024, foi tomada em decorrência da baixa disponibilidade de água na região.

Esta é a quarta vez em 2024 que a ANA declara emergência hídrica em regiões estratégicas do Brasil. A prolongada falta de chuvas e a consequente diminuição do nível dos rios geram preocupação em várias partes do país, impactando diretamente o fornecimento de energia, o abastecimento de água e a navegabilidade.

“Parece que, a cada ano que passa, essa trajetória da seca aumenta ainda mais. Estamos aqui com o rio quase inavegável. Este ano a situação está ainda mais grave e, pelo visto, vai complicar mais”, disse Nunes Moura, que trabalha com navegação na região.

O baixo nível do rio e de seus afluentes tem trazido dificuldades para aqueles que dependem da navegação, tanto para embarcações pequenas quanto para grandes. A situação é ainda mais crítica no trecho que liga as cidades de Porto de Moz, Vitória do Xingu e Senador José Porfírio, na região sudoeste do Pará.

“Está ruim, está muito ruim; a seca está muito intensa. As canoas estão ficando quase a 90 metros de distância da praia”, afirmou Raimundo Corrêa, pescador.

A diminuição do volume de água torna as navegações mais arriscadas e lentas, afetando o transporte de passageiros e mercadorias, que enfrentam atrasos e custos adicionais. Muitas embarcações têm sido obrigadas a parar no meio do caminho e ancorar nas margens dos rios, fazendo com que os passageiros busquem outras alternativas para chegar a seus destinos.

“Esse período é complicado porque o rio seca, e as embarcações grandes ficam distante da margem do rio. A gente precisa usar as canoas pequenas, o que torna a situação ainda mais difícil”, disse Maria Lima, marítima.

Para a população ribeirinha, que depende quase exclusivamente desse meio de transporte para se deslocar entre as cidades, a situação é ainda mais desafiadora. Diante dessa crise, alguns municípios já declararam estado de emergência, mas especialistas sugerem que outras medidas devem ser adotadas pelos órgãos responsáveis para mitigar os efeitos da seca.

Pedro Cordeiro, que é piloto de embarcação na região do Xingu, acredita que a implementação de mecanismos de contingência garantiria a navegabilidade dos rios, especialmente durante períodos de estiagem prolongada, principalmente entre os municípios de Senador José Porfírio e Vitória do Xingu, onde se encontra o único porto hidroviário da região. Para ele, essa medida poderia ser uma solução para amenizar os problemas enfrentados anualmente por ele e outros trabalhadores do setor.

“Se as autoridades não tomarem uma providência e cavarem alguns canais para a gente navegar, a navegação por aqui vai ficar impossível. A cada ano que passa, a situação aqui se torna mais complicada para a passagem”, disse o piloto.

Por Wilson Soares e Patrícia Pires (A Voz do Xingu)

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