Uma investigação em curso realizada pela Divisão de Investigações e Operações Especiais (DIOE) em parceria com o Ministério Público Estadual apura a existência de uma organização criminosa envolvendo 11 prefeituras das seguintes cidades: Cametá, Goianésia do Pará, Tucuruí, Parauapebas, Anapu, Cumaru do Norte, Novo Repartimento, Rondon do Pará, Jacundá, Pacajá e Tailândia.
As investigações foram iniciadas em 2017, logo após o assassinato do prefeito de Tucuruí, Jones William da Silva Galvão (MDB), quando vistoriava uma obra da prefeitura. Pelo que tudo indica, ele foi o último prefeito morto de uma sequência de mortes de prefeitos na região do Lago de Tucuruí.
Esta sequência teria iniciado em 2016 com o assassinato do prefeito de Goianésia do Pará, João Gomes(PR), morto enquanto participava de um velório na cidade. Em maio de 2017. Outro prefeito morto, foi Diego Kollin (PSD), prefeito de Breu Branco, assassinato enquanto pedalava uma bicicleta na companhia de amigos em um trecho da rodovia PA-263, que liga Tucuruí a Goianésia do Pará.
O que não se sabia era da possível correlação entre essas mortes com o esquema de agiotagem envolvendo prefeituras.
Na operação batizada de Redoma do Lago, as investigações apontam uma nova modalidade de fraude para desviar dinheiro dos cofres públicos. Grupos de agiotas emprestam dinheiro para bancar campanhas eleitorais dos candidatos a prefeito que, depois de eleitos, têm que favorecer essas organizações durante o mandato.
Em outras palavras, o prefeito eleito loteia as secretarias do município para a organização criminosa que bancou sua campanha eleitoral. De acordo com portal Ver-o-Fato, em 8 de março deste ano, o procurador-geral do MP do Pará, Gilberto Valente Martins, recebeu uma denúncia da Procuradoria do município de Tucuruí, relatando o modo de agir da quadrilha no município e em outras prefeituras paraenses.
Só em Tucuruí a quadrilha desviou R$ 180 milhões dos cofres públicos municipais de acordo com as investigações. A denuncia cita ainda: ” Aqui destacamos tão somente os pontos relevantes que evidenciam uma organização criminosa que atuava no município de Tucuruí ao arrepio da lei penal, durante o período de 01 de janeiro de 2015 a 31 de julho de 2017 e, retornando, no período de dezembro de 2017 a 30 de abril de 2018, constatando práticas de direcionamento em certames licitatórios e fraudes nos processos licitatórios, perpassando por simulação de execuções de prestação de serviços para validar as liquidações das despesas, até chegar às ordens de pagamentos, realizadas com documentos fiscais inidôneos e cheques utilizados para pagamentos com assinatura totalmente divergente da assinatura padrão oficial do prefeito Jones William da Silva Galvão, assassinado em 25 de julho de 2017, ensejando tudo para o efetivo desvio de recurso público”.
O chefe do esquema criminoso em Tucuruí, de acordo com as investigações, é o empresário Alexandre Siqueira França, sendo ele dono de várias empresas que foram vitoriosas em licitações na gestão do prefeito assassinato Jones William. Alexandre foi financiador da campanha de Jones William.
O esquema parece ter se repetido em outras prefeituras do Pará.
As investigações constataram ainda que a viúva do prefeito assassinato de Tucuruí, Graciele Silva de Sousa Galvão, era a responsável pelos descontos dos cheques no Banpará, onde ela era funcionária. Outros envolvidos ainda são Poliana da Silva Rocha, gerente da agência do Banpará de Goianésia; Moisés Gomes Soares Filho, secretário municipal; Odir José Moraes Viana, empresário; Firmo Leite Giroux, ex-superintendente do IPSET (Instituto Previdenciário de Tucuruí); Andrey Fernandes Mateus, servidor público.
Fonte: Pará Web News