A Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará) concedeu na quinta-feira (06/11), o selo artesanal para a agroindústria de farinha da Associação Indígena Juruna Tubyá, de Altamira. Este é o primeiro certificado de registro de produtos artesanais emitido pela instituição para um estabelecimento indígena no estado do Pará. A entrega do certificado ocorreu durante a programação técnica da 42ª Feira de Exposição Agropecuária de Altamira, a EXPOALTA, considerada o maior evento do agronegócio da região Xingu.
O selo da Adepará confirma a qualidade e a segurança sanitária do processo de fabricação da farinha da associação, batizada pelos indígenas de Sasa tiha, que na língua juruna significa “farinha típica do nosso povo”. O registro abre portas a comercialização do produto para redes de supermercados e participação de licitações institucionais como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), ambos do Governo Federal
“É um momento ímpar para o produtor rural, porque a certificação abre novas portas para o mercado e agrega mais valor ao produto da associação. Esse selo garante qualidade e segurança alimentar, com todos os parâmetros sanitários observados. A comunidade cumpriu cada etapa do processo – desde o manejo da matéria-prima até a embalagem – e o resultado é um alimento certificado, com mais qualidade na mesa do consumidor”, explica Rubens Moraes, gerente regional da Adepará. “É a primeira certificação indígena dessa regional, um marco importante para os povos que têm na mandioca e na farinha uma tradição ancestral”, completa.
A agroindústria de beneficiamento de mandioca foi construída e equipada pela Norte Energia, concessionária da Usina Hidrelétrica Belo Monte, para contribuir com a geração de renda dos indígenas da etnia Juruna, que vivem no ramal do Picadinho, localizado a 115 quilômetros da sede do município.

A presidente da Associação, Irasilda Juruna, reforça o peso da conquista. “Receber esse certificado é muito gratificante para nós, porque representa uma luta constante da nossa comunidade. A casa de farinha é um projeto que veio complementar a nossa renda e fortalecer o trabalho que já fazemos com o cacau. A nossa marca Sasa tiha, significa ‘farinha típica do nosso povo’ na língua Juruna é um orgulho a ver funcionando e gerando resultados para todos que fazem parte dessa caminhada junto com a Norte Energia.”

Para a implantação e funcionamento da agroindústria, a Norte Energia apoia a Associação Indígena Juruna Tubyá por meio de três programas do Plano Básico Ambiental do Componente Indígena (PBA-CI) da usina, que abrangem as etapas do plantio – inclusive a preparação da área, que corresponde a nove hectares de plantação de mandioca – processamento e comercialização. O projeto une valorização cultural e desenvolvimento sustentável. “A certificação possibilita que a tradição da produção de farinha indígena seja preservada e, ao mesmo tempo, ganhe competitividade no mercado formal. É uma conquista da comunidade e um exemplo para outras regiões”, avalia Sabrina Miranda Brito, gerente Socioambiental do Componente Indígena.
O caminho para a certificação incluiu a realização do curso de Boas Práticas em Manipulação de Alimentos, ministrado na própria comunidade. O treinamento, realizado pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater), em parceria com a Norte Energia, abordou higiene no processamento, uso correto de equipamentos, acondicionamento seguro dos produtos e adequações para atender às exigências sanitárias.
Outra etapa importante para fortalecer a atuação comercial da agroindústria de beneficiamento de mandioca foi a emissão do Cadastro Nacional da Agricultura Familiar (CAF) para as famílias associadas, também realizada pela Emater. De acordo com Carlos Valdir Silva dos Santos, médico veterinário e extensionista rural da instituição, o CAF funciona como um “passaporte” que permite ao agricultor familiar acessar políticas públicas e linhas de crédito específicas. “Com o CAF em mãos, o produtor amplia suas possibilidades de mercado e fortalece o desenvolvimento social, econômico e ambiental da comunidade”, destacou.
A agroindústria também passou pela etapa de licenciamento ambiental, conduzida pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Altamira (SEMMA). Durante a vistoria, a equipe técnica avaliou as instalações e as medidas adotadas para mitigar impactos ambientais, especialmente no manejo dos resíduos da produção.
Com capacidade de produção de 1.020 kg por dia, o espaço conta com áreas para recepção e descarga; armazenamento e de produção, esta última equipada com descascador de mandioca, prensa hidráulica, desintegrador, peneira vibratória, forno manual e forno mecanizado.






















