Uma grande ação de inspeção foi realizada entre os dias 12 a 16 de Julho pela Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará), em 20 propriedades produtoras de cacau, no município de Pacajá, objetivando o levantamento de detecção e orientação dos produtores quanto à Monilíase do Cacaueiro (Moniliophthora roreri).
Em todos os plantios inspecionados constatou-se ausência da praga, sendo detectada a presença de outras pragas comuns, entre elas, podridão parda, vassoura de bruxa e cupim. Todas as ações foram registradas através do preenchimento das fichas de cadastro e inspeção, coleta de coordenadas geográficas e registro fotográfico.
“Durante o levantamento foi aplicada a metodologia para monitoramento da Monilíase, com inspeção de plantas e frutos, foram repassadas orientações quanto às principais características para identificação da praga, além das formas de prevenção e sanidade, principalmente através da conscientização do produtor quanto ao perigo de transporte de frutos infectados”, informam Lorena Lira e Renata Lima, ambas Fiscais Estaduais Agropecuárias da Adepará, responsáveis pela ação. Essas ações são realizadas anualmente nos municípios produtores de cacau durante a época de maior frutificação da cultura.
Além dos levantamentos, a Adepará realiza outras ações visando à prevenção da entrada, como fiscalização do trânsito e educação sanitária e caso ocorra a entrada seja realizada a contenção através da identificação do foco inicial.
Na ocasião das ações de educação sanitária, foi realizada palestra para as equipes técnicas da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico (SEMDE) e da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC) de Pacajá, sobre como proceder em relação à doença e suas principais características, sintomas e formas de disseminação.
A doença ainda não está presente no Estado, no entanto é preciso que o agricultor conheça essa ameaça, para poder identificar caso apareça na sua plantação de cacau, e comunicar imediatamente a Adepará. Essas ações são de fundamental importância, pois recentemente foi identificado um foco da praga no Estado do Acre, sendo a primeira vez que a monilíase é detectada oficialmente no Brasil.
Monilíase – A monilíase é uma doença extremamente agressiva, que ataca os frutos do cacaueiro (Theobroma cacao), do cupuaçuzeiro (Theobroma grandiflorum) e de outras plantas do gênero Theobroma em qualquer fase de desenvolvimento. Causada pelo fungo Moniliophthora roreri, é facilmente disseminada pelo vento e por materiais infectados como plantas, roupas, sementes e embalagens.
Detectada na Bolívia e Peru, a doença ocorre também no Equador, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, México e Venezuela e outros países do continente americano. A praga ocasiona perdas na produção que podem variar de 50% a 100% da produção.
No dia 08 de Julho de 2021 foi informado oficialmente um foco da monilíase em área residencial urbana no município de Cruzeiro do Sul, interior do Acre. Assim, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) está adotando as medidas cabíveis de contingência, em conjunto com as demais instituições oficiais de Sanidade Vegetal e de pesquisa. Equipes do governo irão ao local para a ampliação dos monitoramentos de detecção da praga, delimitação da área afetada e adoção imediata de ações de contenção e erradicação, visando evitar sua disseminação para as áreas cultivadas de cacau e cupuaçu no país.
Conforme estudo realizado pelo Mapa e Embrapa, a monilíase está entre as 20 pragas quarentenárias ausentes do território brasileiro, consideradas prioritárias para ações de vigilância e pesquisa, em função do risco iminente de entrada no País e dos prejuízos econômicos que pode causar à agricultura nacional. Entre os critérios para atribuir o status de prioridade a uma praga, utilizados no estudo, estão o seu potencial de destruição e a ocorrência em áreas próximas do País, especialmente em regiões fronteiriças
Contingência
“A presença de organismo quarentenário submete os produtos agrícolas a barreiras fitossanitárias impostas por parceiros comerciais, com redução das exportações e reflexos na economia do país, daí a importância do trabalho da Adepará, na orientação dos produtores, capacitando-os para que essa pra não cheguem ao nosso Estado, porém cabe ressaltar que caso isso venha a ocorrer, estamos preparados para atuar e proteger as lavouras paraenses”, informa a diretora de defesa e inspeção vegetal da Adepará, Lucionila Pimentel.
A diretora informa que somente três pragas quarentenárias ausentes do Brasil, consideradas de alto risco para a agricultura nacional contam com plano de contingência em execução e uma delas é a monilíase do cacaueiro (Moniliophthora roreri). As demais são a mariposa-das-maçãs (Cydia pomonella) e o amarelecimento-letal-do-coqueiro (Candidatus Phytoplasma palmae).
Os planos de contingência são mecanismos de defesa fitossanitária, coordenados pelo Mapa, que buscam prevenir e reduzir os riscos de entrada de material infectado no país e aumentar as chances de erradicação do problema, em caso de ocorrência. O alcance desses objetivos envolve a execução de ações distintas para instituições de diferentes esferas governamentais, nos diversos estados, a exemplo desta realizada pela Adepará no município de Pacajá.
Em andamento desde 2012, as ações de contingência da monilíase têm como principais prioridades os estudos de prospecção da doença, pesquisas para desenvolvimento de métodos de controle biológico e capacitações voltadas para a adoção de medidas para erradicação dos primeiros focos detectados.
Hoje, temos uma série de protocolos que devem ser seguidos por fiscais da defesa vegetal na realização de medidas de contenção, desde a remoção de frutos infectados e o descarte de roupas utilizadas nesse processo, até a interdição da propriedade rural.
Por Manuela Viana (ADEPARÁ)/ Agência Pará