O perfil do empreendedor mudou e o empreendedorismo sustentável é um dos caminhos mais promissores para abrir um negócio no momento. Isso porque, com o agravamento das mudanças climáticas e a crise humanitária da pandemia, os negócios sustentáveis vêm ganhando força e a preferência dos consumidores e investidores.
E que tal utilizar os caroços e o bagaço de açaí para fazer um tijolo e deixar as construções mais baratas e sustentáveis? Os caroços da fruta são fartos no Pará, que produz aproximadamente 90% de todo o açaí consumido no mundo, segundo o Sindicato das Indústrias de Frutas e Derivados do Estado do Pará (Sindfrutas). No entanto, apenas 4% do fruto é aproveitado, o que acaba se tornando um problema devido ao acúmulo de resíduos sem destinação.
Mas a união de matéria prima em abundância, empreender com capacidade de suprir a necessidade da região conseguindo produzir tijolos mais baratos e tudo em conformidade com o meio ambiente, pode ser uma solução para ajudar a criar uma estratégia eficiente de descarte para o caroço de açaí.
Essas e outras ideias sustentáveis foram apresentadas ao público durante a 1ª Feira de Negócios Sustentáveis do Xingu, no último sábado, em Altamira-PA, promovida pela empresa Norte Energia, com o programa Belo Monte Empreende. A companhia é a concessionária da Usina Belo Monte. O objetivo é promover a cultura empreendedora e fomentar o desenvolvimento sustentável da região do Xingu.
“O tijolo passa por um processo de secagem uma quantidade de dias, e depois ele é triturado e, após essa trituração, é feita uma mistura e essa mistura é colocada em uma máquina onde é feito o processo de compressão. Todos esses tijolos são compactados para que ele tenha uma resistência melhor e depois ele passa por mais alguns dias de secagem, e depois disso ele já está pronto para uso”, disse a jovem Geisiane Ferreira Ribeiro do Nascimento, de 29 anos, dona da ideia, que está feliz com o resultado do trabalho e acredita que terá sucesso numa produção em larga escala.
O objetivo de Geisiane é buscar a produção ambientalmente consciente, visando à redução de emissões de CO2 (já que os tijolos sustentáveis não necessitam de forno), à diminuição de resíduos na obra e à redução de custos em até 40%, além de proporcionar um padrão estético atrativo.
Essa é uma etapa muito importante para os jovens empreendedores do Xingu. Pessoas que nunca imaginaram empreender criando o próprio negócio e se tornando uma marca rentável.
Durante a feira, foram apresentados 38 projetos que receberam, ao longo de um ano, orientação sobre economia e gestão de negócios. O objetivo era incentivar a criatividade e a geração de ideias. Com essa nova etapa, de fundamental importância para os jovens com capacidade empreendedora da região do Xingu, em Altamira e nos municípios arredores, os projetos passaram por uma banca avaliadora e 16 foram selecionados. Agora, com as ideias consolidadas, os futuros empreendedores irão receber apoio para divulgação das marcas, com orientação sobre marketing e gestão de vendas e suporte na qualificação técnica de seus produtos e serviços.
Empreendedorismo sustentável
De acordo com relatório publicado na Allied Market Research (disponível apenas em inglês), o mercado global de empreendedorismo sustentável e de tecnologia verde deve movimentar mais de US$ 48 bilhões até 2027.
As vantagens por trás da sustentabilidade é que, além dos benefícios que as empresas podem proporcionar ajudando na geração de empreendimentos sustentáveis, contribuindo para o planeta e para a sociedade, elas também alcançam várias vantagens empresariais. Isso porque conseguem aumentar a eficiência da sua produção e reduzir desperdícios de insumos, além de diminuir custos, evitar multas e receber incentivos fiscais.