Chega ao 4º dia nesta segunda-feira (2) as buscas terrestres aos dois passageiros desaparecidos de uma aeronave em Itaituba, no sudoeste do Pará. O piloto do avião, de prefixo PT-IIU, Sérgio Vanderlei Becker, disse à polícia ter feito um pouso forçado no rio Jamanxim na tarde de quinta-feira (28) depois de testemunhar um assassinato a bordo. Ele disse ainda que teria matado o suposto assassino.
Na manhã desta segunda, uma equipe do Grupamento Aéreo de Segurança Pública seria deslocado para reforçar as buscas em um helicóptero, na região de mata fechada indicada pelo piloto onde supostamente os corpos dos dois passageiros teriam caído. Mas a chegada do helicóptero atrasou e as buscas aéreas devem iniciar à tarde.
Pouso de emergência
Segundo o piloto, a aeronave saiu de Guarantã do Norte (MT) com destino ao Apuí (AM). Em depoimento na delegacia de Itaituba, o piloto afirmou que estava com dois passageiros a bordo e estes começaram a discutir. Um dos passageiros teria matado o outro a tiros. Na sequência, o atirador tentou jogar o corpo da vítima pela porta do avião durante o voo. Sérgio conta ainda que reagiu, conseguiu desarmar o homem e atirou no mesmo para não ser morto.
Em nota, a Polícia Civil disse que informações preliminares da Polícia Militar apontavam que o avião buscaria drogas. Inicialmente, a Polícia Civil informou também que o piloto havia sido preso acusado de porte ilegal de armas e de munição, mas que não foi acusado de homicídio porque não foram encontrados os corpos.
Depois de prestar depoimento, o piloto foi liberado na noite de sexta-feira (29). Após avaliar a situação do piloto, o delegado da delegacia de Itaituba, João Milhomem, decidiu não autuá-lo em flagrante por falta de evidências, “já que o objeto que o Sérgio possuía era apenas um projétil”.
A aeronave tinha vestígios de sangue e pedaços do que a polícia suspeita ser massa encefálica. O material foi enviado ao Instituto Médico Legal (IML) para testes de DNA, mas o órgão informou ao G1 na tarde de sábado (30) que ainda não há o resultado do exame. Peritos criminais da Polícia Federal realizam análises do avião. Peritos do Centro de Perícias de Santarém também foram acionados.
Tráfico internacional
O piloto Sérgio Vanderlei Becker já respondeu por tráfico internacional de drogas. Em 2015, ele foi flagrado no Mato Grosso pela Polícia Federal transportando 200 kg de cocaína oriundas do Peru ou da Bolívia.
Além do piloto, outras duas pessoas foram detidas. Com elas, foram apreendidos dois aparelhos de rádios transmissores da mesma marca. Um instalado na aeronave e outro na caminhonete, o que, segundo as investigações, indicaria que tais equipamentos foram utilizados visando o contato entre o piloto da aeronave e a suposta chefe da associação criminosa, que acompanhava o piloto fazendo o apoio logístico em terra.
De acordo com a Polícia Civil, “atualmente Sérgio não tem mandado de prisão em aberto”. A PC disse ainda que tráfico internacional de drogas é crime da esfera federal, portanto só apura crimes da esfera estadual.