Uma audiência pública, convocada pela Câmara de Altamira, na noite desta quarta-feira, 18 de setembro, reuniu vereadores, representantes da empresa Norte Energia, de entidades, além de dezenas de moradores de vários bairros da cidade, para discutir sobre os problemas que a população de Altamira enfrenta, principalmente em relação a falta de água.
A audiência começou, por volta das 19 horas, com uma apresentação dos representantes da Norte Energia sobre o que a empresa já desenvolveu no município nos últimos anos.
Na plateia, o povo exibia cartazes cobrando saneamento básico e água nos bairros mais afastados do centro da cidade, além de gritarem palavras de ordem.
Representes do Movimento dos Atingidos por Barragens e líderes de bairros usaram a tribuna da Casa de Leis para demonstrar sua indignação com a atual situação do município, que hoje não atende as necessidades básicas dos moradores dos bairros mais distantes.
A Chefe de Gabinete da Prefeitura de Altamira, Denise Aguiar, usou a tribuna para defender o executivo e dizer, mais uma vez, que o município não recebeu a maioria das obras que foi executada pela Norte Energia, como por exemplo os reassentamentos coletivos urbanos (Ruc’s), o sistema de saneamento básico, bem como afirmou que o “Parques e Orlas”, que hoje está tomado pelo matagal, será de responsabilidade eterna da Norte Energia.
Em seguida, vereadores da oposição rebateram a fala da Chefe de Gabinete. Os vereadores Aldo Boaventura, Francisco Marcos, Agnaldo Rosas e Socorro do Carmo disseram que o executivo municipal também tem culpa nesse processo de abandono em que vive grande parte da população altamirense. Indignado com a fala de Denise Aguiar, o vereador Francisco Marcos, chegou a chama-la de mentirosa e questionou porque o Prefeito de Altamira, Domingos Juvenil, não compareceu à audiência.
Ainda durante a audiência, a maioria dos presentes se manifestou contra a privatização da COSALT, e afirmou que o município de Altamira, que hoje recebe mais de R$ 4 milhões por mês só de royalts de Belo Monte, tem condições de bancar o sistema de distribuição de água potável, já que muitos altamirenses não têm como arcar com mais esse gasto.
Os parlamentares também aproveitaram para cobrar a execução das emendas impositivas, já que a maioria dos secretários municipais estava presente. O presidente da Casa de Leis, vereador Loredam Mello, ressaltou que durante a audiência vários assuntos foram levantados, mas o assunto que ganhou a discussão foi a questão da água e do esgoto. Ele lembrou que já está praticamente pronto uma estação de tratamento de água, que terá capacidade de 300 litros por segundo, e com essa capacidade seria possível atender a toda a população, mas que essa água não está chegando para alguns bairros. “Eu acredito que não tem como se falar em concessão pública na água, se antes não falarmos em avanços nessas obras estruturantes, já que ainda é preciso fazer cerca de 30% dessa rede, para que a área urbana seja contemplada em sua totalidade, e também as audiências foram muito poucas. Então esse assunto ainda não foi exaustivamente debatido, tem muita dúvida sobre a questão da tarifa, sobre a questão da gestão. Por isso nós fizemos uma carta aberta e pedimos o adiamento dessa discussão, até que se tenha quantas audiências forem necessárias para esgotar todas as dúvidas desse assunto que é tão importante”, disse Loredan.
Ao final da audiência o presidente da Casa de Leis também pediu para o executivo respeitar uma lei que foi promulgada recentemente que faz uma reformulação na lei dos mototaxistas, e que o Departamento Municipal de Trânsito (Demutran) não estaria querendo atender, além de pedir que a Prefeitura execute as emendas impositivas, já que até agora apenas um vereador teria sido atendido.
Texto e Fotos: Wilson Soares – A Voz do Xingu