Por volta das 9 horas do primeiro dia de 2020, uma guarnição do Grupamento de Bombeiros Militar (15º GBM), no Município de Abaetetuba, foi acionada para atender a uma ocorrência de tentativa de suicídio, em que um jovem de 28 anos encontrava-se pendurado em uma torre de telefonia celular a 40 metros de altura. Ao final da situação, a pessoa foi resgatada com vida pelos bombeiros. A cena tem tudo a ver com a campanha nacional Janeiro Branco, idealizada por um grupo de psicólogos de Uberlândia (MG), em 2014, e que ganhou amplitude nacional com o foco na abordagem da saúde mental. As ações no Pará já começam a ocorrer.
Nesse sentido, a campanha visa convidar cidadãos no País a refletirem sobre “o sentido e o propósito das suas vidas, a qualidade dos seus relacionamentos e o quanto elas conhecem sobre si mesmas, suas emoções, seus pensamentos e sobre os seus comportamentos”. A iniciativa intenta sensibilizar as mídias, instituições sociais, públicas e privadas, e os poderes constituídos, públicos e privados, em relação à importância de projetos estratégicos, políticas públicas, recursos financeiros, espaços sociais e iniciativas socioculturais empenhadas(os) em valorizar e em atender as demandas individuais e coletivas relacionadas à Saúde Mental.
Construção
Belém está no roteiro das ações, mediante a mobilização de profissionais de Psicologia e áreas afins. A psicóloga Danielle Almeida chama a atenção para o fato de que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), houve um aumento considerável de pessoas com transtornos mentais, entre eles depressão e ansiedade. “E aí o mês de janeiro foi escolhido propositalmente em virtude das festas de final de ano, quando as essoas desejam saúde, bem estar, prosperidade para iniciar um novo ano; o título Janeiro Branco ainda se dá por causa das roupas, na questão cultural e tradicional do uso do branco na virada de ano, com o sentido de paz, de serenidade”, observou.
Em 2014, as ações se restringiram a Uberlândia, envolvendo psicólogos e estudantes de Psicologia; porém, em 2015, ganhou proporção maior, quando, por meio das redes e mídias sociais, teve repercussão no Brasil. São mobilizados profissionais e estudantes de Psicologia e mais de áreas afins, como terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, neuropedagogos, enfermagem e psiquiatras.
Sobre a prevenção a transtornos mentais, em um leque bem amplo de ações, como disse Danielle, ela tem base na criação do indivíduo. “Todo transtorno mental se tem 50% genética e 50% âmbito familiar. Então, na questão da criação, vai ser necessário você avaliar aspectos dessa prevenção, que a gente chama de prevenção primária, quando envolve a forma como os pais criam os filhos de uma forma equilibrada, a combinação de liberdade e limite, afeto e disciplina”, salientou.
Ações são desenvolvidas nos Centros de Atenção Psicosocial (CAPS), Hospital de Clínicas e outras instituições e técnicos e lideranças comunitárias engajadas no Janeiro Branco.
Em pauta
A proposta da campanha é colocar em pauta aspectos mentais, sentimentais, emocionais, relacionais e comportamentais dos cidadãos, por ser “imperioso e necessário, que a subjetividade humana possua lugar de destaque em nossa cultura e em nossos cotidianos, sob pena de sermos vítimas de nós mesmos e de quem despreza as próprias necessidades psicológicas e as necessidades psicológicas alheias”, como é destacado no site da campanha: Porque há sofrimentos que podem ser prevenidos. Dores que podem ser evitadas. Violências que podem ser impedidas, cuidadas ou reparadas. Exemplos que podem ser partilhados. Ensinamentos que podem ser difundidos em nome de povos mais
As ações da campanha são desenvolvidas de forma gratuita, sem fins lucrativos, e abrangem debates, reflexões, mini palestras, rodas de conversa, oficinas, caminhadas, corridas, piqueniques, cineclubes, entrevistas à mídia, murais de poesias, distribuição de balões brancos, panfletos, fitas brancas e outras intervenções urbanas. Informações podem ser obtidas no site da campanha.
Por:ORM