Cientistas disseram nesta segunda-feira (24) que conseguiram pela primeira vez eliminar uma população inteira de mosquitos portadores de malária no laboratório usando uma ferramenta de edição genética para programar sua extinção.
A chamada tecnologia de genética dirigida funciona garantindo que uma característica projetada seja passada para uma proporção maior de descendentes – através de muitas gerações – do que teria ocorrido naturalmente.
Em experimentos com a espécie Anopheles gambiae, cientistas do Imperial College London ajustaram um gene conhecido como doublesex (que ajuda a determinar o sexo de vários insetos) para que mais fêmeas em cada geração não pudessem mais picar ou se reproduzir.
Depois de apenas oito gerações, não houve mais fêmeas e a população entrou em colapso devido à falta de descendentes.
A malária adoeceu mais de 200 milhões de pessoas e matou quase 450 mil em todo o mundo em 2016. Continua sendo uma das mais mortais doenças infecciosas.
Tentativas anteriores dessa mesma equipe e de outras para induzir a extinção de mosquitos geneticamente programada no laboratório encontraram “resistência” na forma de mutações.
O próximo passo será testar a tecnologia em um ambiente de laboratório confinado que imita um ambiente tropical, disse Crisanti.
Alguns cientistas e grupos de monitoramento de tecnologia pediram uma moratória nas pesquisas de genética dirigida.
“Há riscos ecológicos de manipular e remover populações naturais, como destruir redes alimentares e mudar o comportamento de doenças, bem como os riscos sociais de perturbar a agricultura e permitir novas armas”, disse Jim Thomson, do ETC Group, uma ONG que monitora novas tecnologias.
A nova pesquisa, publicada na revista “Nature Biotechnology”, foi financiada pela Fundação Bill & Melinda Gates, que investiu cerca de US$ 100 milhões no desenvolvimento da tecnologia de genética dirigida com o objetivo de erradicar a malária.