A partir desta sexta-feira (9), falta um mês para o Círio de Nossa Senhora de Nazaré 2022, a ser realizado de forma presencial em 9 de outubro, após dois anos em formato alterado por causa da pandemia da covid-19. E o clima entre os paraenses não poderia ser melhor: as pessoas têm buscado vivenciar cada momento de preparação para as 13 procissões da Quadra Nazarena e se mostrado mais próximas umas das outras, na contagem regressiva para a Grande Romaria. Como acontece com as amigas Vilma Oliveira, Nethe Abreu, Danielle Lins e Ilma Freitas. Elas formam o grupo Amigas de Maria, surgido há dois anos e quatro meses, fortalecendo uma amizade de dez anos no pique da pandemia.
Amigas Nethe, Vilma, Danielle e Ilma: juntas na fé (Foto: Eduardo Rocha / O Liberal)
As quatro amigas se juntam a outras pessoas para formar um grupo de 12 pessoas. Ainda na noite desta quinta-feira (8), elas novamente estiveram juntas para participar da Adoração do Santíssimo, na Paróquia Bom Pastor, no Centro Social de Nazaré (CSN).
União
“A minha expectativa pela chegada do Círio é sempre de fé, união, a gente já tem esse convívio aqui, como Amigas de Maria, a gente passa todo ano o Círio aqui (em um apartamento bem perto da Basílica Santuário), e a gente espera que Nossa Senhora continue abençoando e que o nosso Círio seja como ele sempre foi, renovação de fé”, destaca Ilma Freitas, 45 anos, engenheira civil.
A advogada Maria Vilma Oliveira, 53 anos, a anfitriã do grupo, declara que começa a sentir as emoções desse período, “em que a gente vem, todo dia, verificando que o Círio está ficando próximo, e a gente se emociona com o sino da Basílica Santuário que toca, com as missas que já começam a falar do momento que vai acontecer”. “O nosso grupo Amigas de Maria surgiu pela busca do amadurecimento da nossa fé por intermédio de Maria”, observa. Para Vilma, o Círio significa união familiar. Poder participar do Círio presencial “vai ser um privilégio, uma emoção muito grande”.
Amizades se solidificam na expectativa pela chegada do Círio (Foto: Eduardo Rocha / O Liberal)
Para a administradora Danielle Lins, 47 anos, a retomada do Círio presencial representa o “reencontro com a Mãe, de reencontrar toda aquela multidão, aquela devoção, aquela emoção de ver as ruas de novo com as pessoas caminhando com fé, rezando o Rosário, é uma emoção que contagia desde agora”. “O Círio é o nosso Natal, é o Natal dos paraenses”, acrescenta Danielle.
Nethe Abreu, 42 anos, designer de interiores, acredita que o Círio “é o momento em que a gente se sente mais próximo uns dos outros, sentindo o apoio uns dos outros, principalmente nesse retorno presencial, após dois anos tendo Círio, mas sem essa emoção de ver a nossa Berlinda passando pelas ruas, e esse momento vai ser assim sublime”. Nethe lembra que muita gente que poderia participar do Círio não vai estar presencialmente. “Espero que esse Círio seja um novo momento de ressignificar nossa vida que, nos fortalecendo no companheirismo, na fé, na doação, nos auxiliando a partir do exemplo de Maria. Só o paraense mesmo, aquele que tem Maria como Mãe pode sentir o que a gente sente nesse período”, completa.
Agradecer
O diretor-coordenador da Diretoria da Festa de Nazaré (DFN), Antônio Salame, não esconde a preocupação com a organização do Cirio 2022 que se aproxima. “Ainda temos muita coisa para programar e realizar. Tem muita obra por fazer, muito trabalho pela frente, e não consigo nem dormir de ansiedade, porque ainda são muitos os preparativos e pedimos a intercessão de Nossa Senhora para nos ajudar a conseguir realizar isso tudo a tempo, para que seja um Círio de muitas bênçãos, muitas graças alcançadas e principalmente muito agradecimento, temos muito a agradecer e vamos conseguir realizar tudo isso, porque Deus é Pai e Nossa Senhora é Mãe”, afirma.
Em contraponto à preocupação, existe a alegria de se estar preparando o Círio. “Tenho certeza de que vai ser maravilhoso. Então, primeiro vem a fé, depois vem a graça; a nossa fé é forte, tenho certeza que a graça virá, um Círio abençoado, muito feliz, que todos venham com o coração humilde para viver um Círio de paz”, assinala Antônio Salame.
Referência
O cônego Ronaldo Menezes, pároco da Paróquia São Geraldo Magela, do bairro de Val-de-Cães, vivencia a expectativa da chegada do Círio deste ano. “Penso que a cada dia que o Círio fica mais perto se aproximam as expectativas de que a imagem de Nossa Senhora percorra as ruas de Belém e os seus símbolos mais importantes, como a corda, por exemplo, a Berlinda possam ser visualizados, vistos, e até tocados; essa expectativa transborda no coração do paraense e transforma o paraense, fazendo com que ele se torne cada vez mais um luminar, um luzeiro, pela alegria que ele manifesta, que tem de poder viver, celebrar, sentir, experimentar mais um Círio de Nossa Senhora de Nazaré”, externa.
Cônego Ronaldo destaca que a sociedade paraense tem um fundamento religioso muito sólido, que é o cristão. Como pontua, “a fé em Jesus Cristo, em seus vários panoramas, encontra na figura de Nossa Senhora, da Virgem Maria, a Mãe de Jesus, um dos elementos mais importantes na formação religiosa do povo paraense, que vai muito além do cultural”. Para o paraense, o mais importante é o conteúdo da devoção à Nossa Senhora. Esse conteúdo é fundamental para compreensão não só para a religiosidade do paraense mas, sobretudo, do que o povo paraense é, como salienta o pároco.
“Por isso, o Círio de Nazaré é tão importante para nós. Tão importante quanto o ar que nós respiramos. Ele faz com que a nossa fé em Deus, em Jesus Cristo, a nossa adesão pessoal a Jesus Cristo transborde de uma maneira tal que ninguém duvida do que é a nossa proximidade com Deus, com todo o ensinamento de Jesus; tudo isso passa por Nossa Senhora, passa pela Mãe de Jesus”, observa o cônego. “A Jesus, por Maria, nós, cristãos, vamos sempre”, enfatiza.
Cônego Ronaldo Menezes frisou que os dois últimos anos sem Círio presencial foram “dois anos incompletos, não bem vividos pelo povo paraense”, mas que, com sofrimento, foram ultrapassados. “Nós passamos dessa fase não sem o apoio da fé, não sem o amparo da fé e muito menos sem essa expressão da fé mariana que nós vamos manifestar agora, que nesse período foi amplamente um elemento em nós, que nos possibilitou viver esse período difícil, passar por ele e, agora, dizer que também somos gratos a Ela porque nós não sucumbimos na esperança, na tristeza, ao desânimo, diante das perdas que tivemos, que muitos sofreram”.
Isso porque, como salienta o cônego, “a presença da Virgem Maria na vida dos paraenses foi sempre muito forte e iluminou esse tempo de escuridão”. Uma das imagens da época, veiculada nas redes sociais, mostra uma pessoa de joelhos, sozinha, diante da Basílica Santuário fechada, mas “amparada pelo manto de Nossa Senhora, Mãe do Senhor Jesus”, como lembra cônego Ronaldo. “Essa nossa expectativa da chegada do Círio é jubilosa, pelo que ele significa no conteúdo da fé, o qual queremos demonstrar agora, na procissão do Círio, em outubro”, arremata.
Fonte: O Liberal