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CNJ abre processo disciplinar e afasta juiz federal do Pará que liberou parte de carga de madeira apreendida pela PF

Afastamento de Antonio Carlos Almeida Campelo da 4ª Vara do Pará deve durar até conclusão da investigação. Segundo relatora, decisões dele podem ter violado Código de Ética da Magistratura.

Juiz Antonio Carlos Almeida Campelo — Foto: Reprodução / TRF1
Juiz Antonio Carlos Almeida Campelo — Foto: Reprodução / TRF1
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O juiz federal Antonio Carlos Almeida Campelo ficará afastado do cargo da 4ª Vara do Pará por decisão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Segundo a definição do plenário do CNJ divulgada na quarta-feira (15), as decisões de Campelo podem ter violado Código de Ética da Magistratura (veja mais abaixo).

A abertura de processo administrativo foi autorizada para investigar a conduta do magistrado em ao menos 11 decisões, incluindo revogação de prisões preventivas relacionadas a tráfico de drogas e a liberação de parte da carga de uma das maiores apreensões de madeiras pela Polícia Federal.

O juiz ficará afastado, “recebendo vencimentos proporcionais ao tempo de serviço”, durante a tramitação do processo, que pode levar até 140 dias.

Segundo a ministra Maria Thereza de Assis Moura, relatora da reclamação disciplinar da Corregedora Nacional de Justiça, o magistrado modificou decisões que já tinham sido proferidas por colegas quando estava de férias ou quando substituía outro magistrado por curto período.

“Chama atenção a maneira de proceder, que leva à ideia de que há algo exterior a isso”, disse a ministra relatora.

Ela considerou que o caso “mais grave” envolve a liberação de parte dos cerca de 131 mil metros³ de madeira apreendidos pela Polícia Federal em dezembro de 2020 na divisa entre o Pará e Amazonas.

Em janeiro deste ano, Campelo, que estava de férias, revogou a decisão do juiz substituto que havia proferido decisão para o caso envolvendo a apreensão ficar sob responsabilidade de análise da Justiça do Amazonas. Ele ainda determinou a devolução de três balsas e um empurrador, além da madeira, bens e documentos apreendidos.

A carga acabou sendo liberada meses depois após outras decisões judiciais envolvendo, inclusive, o ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.

Possível violação ao código de ética

Em seu voto, que foi acompanhando por unanimidade pelo Plenário, a ministra Maria Thereza de Assis Moura justifica a necessidade de investigação.

“O conjunto dos fatos extraídos das circunstâncias em que proferidas, atrelado à informação de possível relação indevida com advogados, deve ser investigado por caracterizar, em tese, violação dos deveres da imparcialidade, serenidade, exatidão, prudência e cautela de que tratam artigos do Código de Ética da Magistratura Nacional, além do disposto no inciso I do art. 35 da Lei Orgânica da Magistratura Nacional”.

Com o afastamento, o juiz também não poderá usar “as instalações e equipamentos do Poder Judiciário durante o mesmo período” de investigação.

g1 procurou o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) para saber se já foi notificado, mas não obteve resposta. A Justiça Federal no Pará informou que não se manifestará e o g1 tentava contato com o juiz até a publicação desta reportagem.

Fonte: G1

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