Diante do período prolongado de falta de chuvas, as queimadas atingem a floresta em diversas regiões do Pará. Nesse cenário, uma inciativa pode ajudar a evitar que os pequenos focos atinjam grandes extensões de terra: as Brigadas Comunitárias de Incêndio. Com bons resultados em outras regiões do Brasil, a iniciativa está sendo implantada pela Norte Energia nas comunidades dos Travessões 27 e 55, ambos, em Vitória do Xingu, no sudoeste do Pará, onde está instalada a Usina Hidrelétrica Belo Monte.
O treinamento, ministrado por profissionais da Brigada de Emergência da empresa aos moradores voluntários, tem o propósito não só de ajudar a proteger a vegetação, mas, também, as comunidades e a fauna da região. A duração é de oito horas, com a parte teórica pela manhã e as atividades práticas à tarde. Todo o processo é associado à realidade da comunidade, incluindo métodos de segurança e primeiros socorros. A primeira formação ocorreu em outubro, para os moradores do Travessão 27 e, até o final do ano, as comunidades do Travessão 55 também serão contempladas.
O morador Iranildo dos Reis Soares já combatia incêndios florestais para proteger a roça e os pastos de sua propriedade, mas agora aprendeu novas técnicas para atuar como brigadista. “Antes a gente se juntava, eu ia de porta em porta pedir ajuda para conter o fogo. Às vezes, são pessoas que passam na beira da estrada e jogam cigarro e aí pega fogo em tudo. É muito importante para que a gente saiba ajudar eles antes do incêndio ficar maior”, conta.
Joana Soares Rabelo considera importante que a própria comunidade consiga evitar grandes incêndios e, por isso, quis entender como atuar diante das queimadas. “Para nós foi muito bom, porque aqui sempre tem incêndio. A gente aprendeu muita coisa, como apagar o fogo, usar a bomba, o abafador. Bastava um treino para a gente entender como fazer. Eu gostei muito”, destacou.
No total, 17 pessoas já foram treinadas para compor as Brigadas Comunitárias de Incêndio. Agora, a Norte Energia vai disponibilizar os materiais para equipar os grupos, como abafadores e bombas costais, além de uma camisa, que vai identificar os brigadistas. Ao sinal de incêndio, a orientação é que os moradores sigam as instruções que receberam durante o treinamento e acionem o apoio da Brigada de Emergência da empresa.
“Em geral, são os moradores os primeiros a terem contato com os princípios de incêndio. No entanto, ao avistar o fogo e tentar combatê-lo sem a devida técnica, muitos deles se colocam em risco ou se esforçam muito sem conseguir apagar as chamas. As pessoas que moram nessas comunidades têm interesse em participar desse tipo de treinamento para evitar prejuízos em suas casas, suas propriedades e suas plantações”, explica Myron Tramontini, gerente de Saúde e Segurança no Trabalho da Norte Energia.
O trabalho de conscientização e prevenção sobre os riscos de queimadas realizado pela Norte Energia no período de seca é fundamental. Os incêndios florestais acontecem, geralmente, durante o verão amazônico, que começa em junho, seguindo até novembro com alta incidência de casos.
Este ano, diante dos fortes efeitos do fenômeno El Niño, a Brigada de Emergência da empresa já atuou em 44 incêndios florestais. Somente nos primeiros 12 dias de novembro, a equipe já registrou nove ocorrências. Em 2023, foram combatidos 57 incêndios florestais, maior número já registrado desde a implantação da equipe, em 2019.
Brigada de Emergência
A Brigada de Emergência da Norte Energia atua com cerca 30 profissionais que se revezam em turnos para atender ao Complexo Hidrelétrico Belo Monte, formado pelas Usinas Belo Monte e Pimental, durante as 24 horas do dia. A equipe é treinada para atuar em diversas frentes: além dos incêndios, os brigadistas fazem atendimento ambiental, atendimento pré-hospitalar, capturas de fauna e todo suporte básico e avançado à vida, para isso a empresa disponibiliza as ambulanchas, jet-skis, dentre outros equipamentos, para que os atendimentos sejam realizados.
Qualquer cidadão pode acionar a equipe de forma gratuita, através do número de emergência 116. A chamada é direcionada para a Central de Comunicação de Emergência, que provê as informações necessárias para a equipe de brigadistas se mobilizar para o atendimento de forma rápida e efetiva.