O custo médio da construção civil, no Pará, ficou 1,38% mais caro em maio, na comparação com o mês anterior, de acordo com os dados divulgados ontem, 09, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IGBE). O valor em média do metro quadrado foi de R$ 1.369,53 para aqueles que decidiram construir ou reformar. A variação para os cinco primeiros meses de 2021 foi de 7,63%, por metro quadrado.
Aumentos esses que obrigaram as lojas de materiais de construção a repassar esses percentuais para os produtos. Ademar Aguiar, 42, é dono de uma dessas lojas de construção civil, em Belém, e comenta que a escassez de materiais no período de retomada das vendas, mesmo sendo durante a pandemia, foi a causa primordial para essas elevações. “Durante dois meses passamos por um período muito ruim, mas depois se tornou um mercado maravilhoso e as fábricas não estavam prontas. Até voltar a funcionar normalmente com todos os funcionários na ativa, faltou mercadoria para o nosso setor. Piso, tijolo, areia, cimento, tudo faltou e consequentemente o aumento foi absurdo”, afirma.
“Materiais elétricos, como fios, cabos, cobre, por exemplo, são cotados pela bolsa, e tiveram um aumento de 100%, se comparado ao ano passado. Na parte de tubulação, o aumento está na faixa de 40% e o piso aumentou cerca de 70%. Um piso popular que antes eu vendia a R$19, hoje não se encontra por menos do que R$ 28”, declara Ademir.
Essa percepção do empreendedor se confirma com os dados do estudo do IBGE que apontam uma variação de 17,98%, o metro quadrado para construção dos últimos doze meses – de maio de 2020 a maio de 2021.
A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) declarou, na última terça-feira, 08, que a nova alta dos custos da construção civil é desesperadora.
Segundo o empresário, mesmo com os repasses desses aumentos para os consumidores, as vendas surpreendentemente cresceram nesse período de pandemia e associa esse crescimento a um conjunto de fatores que engloba o fato de as pessoas estarem mais tempo em casa, a viabilização dos auxílios emergenciais e o fechamento do comércio como um todo. “Para mim, a justificativa é que estava tudo fechado, festas, shoppings, e as pessoas começaram a receber os auxílios federal e estadual. Com todo mundo em casa, não tinha onde gastar esse dinheiro e começaram a reformar as casas”, comenta.
Cenário oposto é o vivenciado por Ubiratan de Jesus, 54, que é pedreiro e relata as dificuldades enfrentadas por conta desses aumentos de preços, precisando diminuir o valor cobrado por seus serviços para não perder trabalhos. “É muito abusivo o valor que estão cobrando pelos materiais de construção. Tá muito alto! O serviço para mim está até mais escasso, porque a despesa é muito grande para o cliente que além comprar materiais caros, ainda tem que pagar a nossa diária. E é aí que a gente tem que fazer um preço baixo para poder trabalhar para sobreviver”, relata o empreiteiro.
Fonte: O Liberal