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Desmatamento em terras públicas da Amazônia foi de 44% do total e originou pastagens, diz pesquisa

Representante da pecuária do Pará afirma que a atividade é eficaz em sequestrar carbono da atmosfera

Foto: Divulgação
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Entre 2019 e 2020, 44% do desmatamento na Amazônia ocorreu em terras públicas, e 75% delas são ocupadas por pastagens. Os dados são de um estudo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) publicado nesta semana. Entre 1997 e 2020, foram desmatados 8% das florestas públicas existentes da Amazônia Legal, um total de 21 milhões de hectares. A área devastada neste período é maior que o estado do Paraná.

A emissão de gases estufa associada ao cenário registrado, também segundo o estudo, chega, no período analisado, a 10,2 giga toneladas de gás carbônico (CO2), correspondendo a cinco anos de emissões nacionais de gases estufa do Brasil. Para representante do setor pecuarista no Pará, os números não significam que o agronegócio é danoso ao meio ambiente, se for considerada, principalmente, a relação entre pastagens e sequestro de gás carbônico encontrado na atmosfera.

O conselheiro da Associação Brasileira de Zootecnistas (ABZ) e produtor pecuarista Guilherme Minssen, que é também diretor da Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa), afirma, baseado em pesquisa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) que a pastagem praticada hoje em áreas degradadas, como as resultadas de desmatamento, sequestra mais gás carbônico, principal poluente da atmosfera, do que a floresta quando está em idade adulta. “O agronegócio paraense hoje, além de competitivo e bastante diversificado, ele não só colabora para termos condições melhores de vida para a população, como é também um dos mais eficientes. Em breve teremos o segundo maior rebanho do país, quando ultrapassarmos o Estado de Goiás”, declara.

Para o diretor da Faepa, o crescimento da produção paraense e presença no mercado fazem com que “as barreiras comerciais se voltem contra o Brasil, e principalmente contra o Pará”. “Os números podem ser utilizados de diferentes formas. O que acredito que é preciso ser dito, segundo a pesquisa que mencionei, é que um sistema de média lotação, de 3,3 unidades animais (UA) por hectare, em que se recuperou a pastagem degradada, foi capaz de neutralizar as emissões de gases de efeito estufa de bovinos e ainda gerar créditos de carbono correspondentes ao produzido por seis árvores de eucalipto”, argumenta.

Carne de desmatamento ilegal

A pesquisa do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), em nota técnica publicada, afirma que o boi criado em áreas públicas desmatadas e griladas é vendido para outras fazendas sem que seja identificada sua origem. “Mais cedo ou mais tarde, acaba invariavelmente em um frigorífico. Como as empresas não monitoram o cumprimento de regramentos sociais e ambientais de seus fornecedores indiretos, ele não é computado como carne de desmatamento ilegal”, destaca o órgão de pesquisa.

O Ipam alerta também para o fato de que o desmatamento em terras públicas vem se intensificando nos últimos dez anos, período em que ocorreu 52% de todo o desmatamento registrado na área pesquisada.

Terras públicas são áreas sob responsabilidade da União e dos Estados. São classificadas como destinadas as Terras indígenas e unidades de conservação, e não destinadas as demais. Segundo o Ipam, o desmatamento e a conversão em pastagem ocorrido nas terras públicas nos últimos 20 anos se deram quase que somente nas não destinadas, já que Terras indígenas e unidades de conservação apresentaram apenas de 1% a 2% do desmatamento.

Fonte: O Liberal

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