O endividamento alcançou 63% das famílias paraenses em novembro, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Federação do Comércio do Pará (Fecomércio-PA). Em relação ao mesmo mês do ano passado, houve um acréscimo de 0,6 ponto percentual, quando o endividamento era de 62,4%.
Em contrapartida, o índice tem diminuído ao longo dos últimos meses. Em janeiro e fevereiro, a média era quase a mesma: 62,7% e 63,3%, respectivamente. A partir de março, com a chegada da pandemia do novo coronavírus no Pará, que teve impactos econômicos, o endividamento começou a subir e passou para 65,3%. Nos meses seguintes, entre abril e setembro, os índices ficaram da seguinte forma: 69,4%; 73,7%; 73,7%; 72,4%; 70,6%; e 66,8%. O nível de endividamento, no 11º mês de 2020, ficou da seguinte forma: 38% das famílias estavam pouco endividadas, 37% não tinham dívidas deste tipo, 17,7% estavam “mais ou menos” endividados, e 7,3% estavam muito endividados.
Segundo o economista Nélio Bordalo, o comportamento dos números mostra que as famílias estão sendo mais cuidadosas. “Mesmo com a pandemia, quem está com o orçamento apertado tem se controlando. Isso demonstra um cuidado para não ficar inadimplente, equilibrar orçamento, mesmo com a possível redução de salários e horário de trabalho. As pessoas estão mais cautelosas na hoje de assumir dívidas a longo prazo”, ressalta.
Os dados sobre inadimplência – quando há uma conta atrasada, diferente do endividamento, que podem ser dívidas futuras e parceladas – seguem o mesmo fluxo. O ano começou com o índice em 23,5%, em janeiro, e 23,8%, em fevereiro. Nos meses seguintes, avançou para 25,3% (março), 30,4% (abril), 35% (maio), 34,7% (junho), 34,1% (julho), 34% (agosto), 32,8% (setembro) e 31,4% (outubro). A diferença é que ele não foi estabilizado e não retornou aos padrões do começo de 2020, se mantendo em 30,3% em novembro. O número é quase 7 pontos percentuais a mais que o registrado em novembro do ano passado: 23%. O que pode ter resultado neste número, para Nélio, é a pandemia do novo coronavírus, em que muitos empregos foram perdidos e os compromissos não foram cumpridos.
Um dado positivo é que o tempo médio com as dívidas em atraso tem ficado menor. Em novembro, foi fixado em 63,9 dias, contra os 73,8 dias no mesmo mês do ano passado e os 64,1 em outubro deste ano. O mês que teve o menor número foi julho, com 34,1 dias, provavelmente um resultado da flexibilização econômica que começou a ocorrer em junho. Entretanto, muitas famílias ainda não terão condições de pagar seus débitos: 13,6% em novembro.
Quanto à parcela da renda familiar comprometida com dívidas, a Fecomércio mostra que a média é de 29,8% do recurso mensal. Das famílias, 55,5% tinham entre 11 e 50% da renda comprometida, 21,9% usariam menos de 10% do salário, 19,4% teriam mais de 50% da renda comprometida, e 3,1% não responderam ou não sabiam. O máximo que uma família pode usar de sua renda para pagar dívidas, segundo o economista Nélio Bordalo, é 30%. “Mais que isso já compromete o orçamento e pessoa pode precisar deixar de comprar algo interessante, até no supermercado ou feira”.
Já os tipos de dívidas mais comuns são com cartão de crédito (78,8%) e carnês (16,9%). Também aparecem o financiamento de carro (11,3%), crédito consignado (8,6%), crédito pessoal (7,1%), financiamento de casa (6%), cheque especial (2,7%) e outras dívidas (1,3%). Não souberam ou não responderam apenas 0,3%. Um cuidado que o profissional indica para quem tem comprometimento com cartão de crédito é sempre pagar a fatura integral, para evitar juros altos que deixem o gasto bem maiores que o valor da dívida.
Fonte: O Liberal