Até a próxima quinta-feira (25), mais de 50 famílias de assentados da reforma agrária estão participando da I Semana de Piscicultura de Gurupá, no Arquipélago do Marajó, promovida no Centro São Benedito, no bairro Centro, pelo escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater) e parceiros.
Há alguns anos a atividade vem se destacando no município como alternativa de renda e aproveitamento de área, em complemento à tradição de extrativismo de açaí. Atualmente a Emater atende de forma direta pelo menos 15 piscicultores do assentamento federal Ilha Grande de Gurupá, às margens do Rio Moju. O grupo trabalha com espécies como tambaqui e pirarucu em tanques-escavados e tanques-redes sobre várzea.
A organização do evento, que iniciou no último domingo (21), reúne, ainda, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio) e a Prefeitura.
Formação – Por meio de palestras, visitas técnicas, cursos, oficinas e oferta intensiva de serviços, a proposta é atualizar em relação a novas tecnologias, debater soluções para os gargalos da cadeia produtiva e integrar as diretrizes de aplicação de políticas públicas. Alguns dos desafios são regularização fundiária, acesso a crédito rural para investimento e falta de visibilidade para o mercado.
A Associação dos Piscicultores de Gurupá (Criapará), com 23 associados, estima um aumento de 50% na produção este ano, em comparação a 2022, pela implantação de novos criadouros: de 300 toneladas para 450 toneladas. O peixe é comercializado na região e no estado vizinho do Amapá, com um lucro de até 50%.
Programação – Na programação, de entrada livre, a Emater prospecta projetos de acompanhamento social e científico e emite cadastros nacionais da agricultura familiar (Cafs), uma identidade geral do agricultor familiar para o acionamento de quaisquer políticas públicas. Outras ações dizem respeito a treinamento de sistema intensivo e parte prática de montagem de tanque de geomembrana, um material de impermeabilização.
De acordo com a engenheira florestal e especialista em engenharia de segurança do trabalho Simone Damasceno, uma das responsáveis pelo envolvimento da Emater, a Semana projeta um fato já efetivo de segurança alimentar e geração de mão-de-obra e renda: “Pensamos que uma vitrine de políticas públicas facilita a integração, fortalece o chamamento das entidades públicas e movimentos sociais e mostra a consumidores e compradores que o fluxo é consistente e de patamar avançado”, pontua.
Participação – Uma dos participantes no Eevento é Ediclaudio Rodrigues, de 46 anos. Membro da Criapará e produtor no Ilha Grande de Gurupá, é atendido pela Emater há cerca de uma década.
À frente do Sítio Novo Progresso, 300 hectares ribeirinhos, ele compartilha a vizinhança com os irmãos e primos, todos nas linhas de sucessão da agricultura familiar. Entre terra de floresta e campo nativo, a propriedade sedia 24 tanques-escavados com tambaqui e tambatinga: 20 tanques de engorda e quatro de berçário. Além, a família mexe com açaí e gado misto.
Para Rodrigues, o rebanho de 80 reses poderia ser aos poucos substituído por mais tanques – um processo mais sustentável, a partir do acesso de crédito rural para investimento. No contexto da I Semana de Piscicultura, o piscicultor diz que esse é um ponto sensível sobre o qual é necessário conversar: “Nossa expectativa é alcançar crédito tanto de custeio, quanto de investimento, de modo que consigamos expandir o sistema”, especifica.
Texto: Aline de Miranda/Ascom Emater
