Nesta terça-feira, 26 de março, o presidente da França, Emmanuel Macron, inicia uma visita de três dias ao Brasil para tratar de temas relacionados ao meio ambiente, defesa economia e política. A primeira parada é a capital paraense, Belém, capital da COP 30 (Conferência Mundial sobre o Clima) em 2025, mas no mesmo dia, o presidente francês sairá do Pará rumo a outros compromissos oficiais em passagens pelo Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília.
O que Macron fará em Belém?
Segundo a presidência da República, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na companhia do governador do Pará, Helder Barbalho, receberão Macron por volta das 15h30 e seguirão em uma embarcação com destino à Ilha do Combu, onde acompanharão a produção artesanal e sustentável de cacau da região e também terão um encontro com representantes indígenas.
Neste segundo momento, haverá a entrega da condecoração ao líder indígena da etnia caiapó e expoente mundial da causa indígena, Raoni Metuktire, pelo presidente Emmanuel Macron, assim como a assinatura de acordo para reforçar bioeconomia na Amazônia. A viagem será acompanhada apenas pelas autoridades e veículos de imprensa.
No local, o presidente francês também será recepcionado um ‘almoço amazônico’, repleno de insumos locais. No entanto, ele não deve experimentar peixes locais, já que alertou a presidência da República que não come peixes de água doce. Dona Nena, fundadora da fábrica sustentável de chocolates Filha do Combu, na Ilha do Combu, que será visitada pelas autoridades, destaca que não faltarão opções alimentares para Macron.
O ‘inverno amazônico’ pode atrapalhar a visita?
Na terça-feira, segundo o Instituto Nacional de Metereologia (Inmet) e o site Clima Tempo, o dia inicia com sol e algumas nuvens, além da possibilidade de chuvas rápidas durante o dia e a noite. Em Belém e Região Metropolitana, local onde o encontro presidencial acontecerá, há probabilidade de 90% de chuva com até 25 mm. O presidente francês ainda pode enfrentar temperaturas que podem variar com mínima de 24° e máxima de até 32°. Já a umidade relativa do ar ficará em 75% e 100%.
Viagens pelo Brasil
Na noite do dia 26, em voos separados, os dois presidentes vão para o Rio de Janeiro. Na manhã de quarta-feira, 27, eles irão juntos, de helicóptero, até Itaguaí, para o lançamento do terceiro submarino produzido em parceria entre os dois países. A embarcação será inaugurada pela primeira-dama Janja Lula da Silva.
Ainda no dia 27, Lula voltará para Brasília e Macron viajará para São Paulo. Ao lado do vice-presidente Geraldo Alckmin, o líder francês participará de uma reunião com empresários dos dois países.
O Brasil espera, além de atrair mais investimentos franceses, aumentar as exportações brasileiras para a França. Ano passado, a balança de comércio bilateral registrou um déficit de US$ 2,6 bilhões. Macron fará um discurso voltado aos empresários. Em seguida, vai inaugurar o Instituto Pasteur, na USP.
À noite, o presidente da França irá a um jantar, em um restaurante cujo nome ainda não foi divulgado, com membros da comunidade francesa, artistas e grandes nomes da cultura brasileira. O teor da lista de convidados é desconhecido no momento. Após o encontro, o deslocamento de Macron – que costuma associar sua imagem a alguém que ama exercícios físicos — será a pé.
Já na quinta-feira, 28, Emmanuel Macron será recebido por Lula com honras de chefe de Estado, no Palácio do Planalto. Há 30 atos em negociação e a expectativa é que os presidentes assinem em torno de 15 documentos, entre memorandos de entendimento e protocolos de intenções. Um deles é o relançamento da parceria estratégica entre Brasil e França, que foi paralisada durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Na visita a Brasília serão tratados assuntos bilaterais, regionais e multilaterais. A situação na Venezuela e no Haiti, as guerras na Ucrânia e no Oriente Médio e o fortalecimento da extrema direita no mundo são alguns exemplos.
Um assunto delicado que deve entrar na conversa é a resistência da França em aprovar o acordo de livre comércio e União Europeia. Maria Luísa Escorel, secretária de Europa e América do Norte, disse que, no momento, as conversas estão pausadas, mas reforçou a posição do Brasil de que quem negocia com o Mercosul não é um país, mas a União Europeia.