Mais de 67% dos paraenses estavam endividados em junho, como mostra a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), produzida pela Federação do Comércio do Pará (Fecomércio-PA). O número representa uma alta de seis pontos percentuais (pp) no intervalo de um ano, já que, em junho de 2021, a taxa alcançava 61,1%. Na comparação com o mês anterior, que registrou endividamento na casa dos 66,3%, houve alta de 0,8 ponto percentual.
Desse total, a Fecomércio mostra que ao menos 30,6% dos endividados têm contas com atraso, ou seja, estão inadimplentes. O termo é diferente porque a pesquisa considera que endividados são aqueles que têm dívidas a pagar, mesmo que no futuro, como parcelas do cartão de crédito e financiamentos, mas o consumidor inadimplente já perdeu a data de pagamento daquele débito. O número de pessoas que tinham contas em atraso era menor um ano atrás (29,3%) e em maio (30,2%). Entre esses, 11,1% não terão condições de pagar essas dívidas em aberto, número menor que de junho de 2021, quando ficou em 14,4%.
Quanto ao tipo de dívida, o principal é o cartão de crédito, respondendo por 82,7% das dívidas dos paraenses. Em seguida, aparecem carnês (16,9%), crédito consignado (13,8%), crédito pessoal (10,6%), financiamento de carro (10,4%), cheque especial (5,3%), financiamento de casa (4,6%), outras dívidas (1%) e cheque pré-datado (0,3%).
A assessora econômica do órgão, Lúcia de Andrade, diz que, dada a importância das consequências econômicas e sociais do endividamento das famílias, é crucial acompanhar a tendência do endividamento, que põe em questão o equilíbrio orçamental do indivíduo ou dos seus familiares, com importantes implicações sociais e psicológicas, além das fortes implicações econômicas em termos pessoais e familiares, não podendo esquecer-se dos efeitos do endividamento sobre o setor real da economia.
“É natural que a proliferação de casos de famílias incapazes de cumprir os seus compromissos financeiros seja acompanhada da contração das despesas de consumo privado, especialmente de bens de consumo duradouro, via racionamento do crédito: os casos de insolvência das famílias afetam os níveis de confiança necessários ao normal funcionamento do mercado de crédito. As instituições financeiras reagem excluindo do mercado de crédito não só os clientes economicamente mais desfavorecidos, mas também certos agentes que, em princípio, não teriam dificuldades em satisfazer os seus compromissos de crédito”, avalia.
Além disso, a economista diz que as famílias em risco de endividamento são mais sensíveis às expectativas da evolução futura dos rendimentos – logo, consomem menos, e o efeito da diminuição do consumo privado é sentido diretamente no crescimento da economia, por meio do Produto Interno Bruto (PIB).
Endividamento e inadimplência no Pará
Tipo de dívida
Cartão de Crédito 82,7%
Carnês 16,9%
Crédito consignado 13,8%
Crédito Pessoal 10,6%
Financiamento de carro 10,4%
Cheque Especial 5,3%
Financiamento de casa 4,6%
Outras Dívidas 1,0%
Cheque Pré-datado 0,3%
Fonte: O Liberal com informações do Fecomércio-PA