Estudantes de Fisioterapia do Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência constataram que a cada dez acidentes resultantes de queimaduras, oito aconteceram dentro de casa, e metade afeta crianças com até 12 anos de idade.
Os pesquisadores da unidade de saúde que fica em Ananindeua levantam a hipótese de que a maioria dos acidentes acontece quando os responsáveis estão segurando as crianças no colo enquanto cozinham ou realizam outras atividades domésticas.
“É importante que as pessoas sigam em alerta e vigilantes para que os casos diminuam e que tenhamos cada vez menos crianças acometidas com queimaduras que, em muitas vezes, deixam sequelas graves e irreversíveis”, afirma o coordenador de Ensino e Pesquisa do hospital, Leonardo Ramos.
Esse tipo de acidente, dentro do ambiente doméstico, também atinge as mães. Segundo a pesquisa, em 20% dos casos mulheres com idades entre 31 e 45 anos também são atingidas.
“Os acidentes podem ser os mais variados, desde uma fogueira no quintal ao manuseio de isqueiro, fósforo e fogão ou até mesmo o cabo da panela virado para fora”, detalha Ramos.
Acidente com fogueira
Ionan Dias de Carvalho tem 29 anos e é mãe de Bianca Carvalho, de dois anos, que se acidentou brincando próximo a uma fogueira. Vindas de Barcarena, a pouco mais de 200 km de Belém, mãe e filha passaram pela Unidade de Tratamento Intensivo do hospital e hoje estão na enfermaria.
“O susto foi enorme. Eu não estava em casa no momento do acidente só o meu marido e meus outros filhos. Ela estava brincando no quintal próximo a uma fogueira e houve uma explosão que atingiu várias partes do corpo dela. Quando sair aqui do hospital, os cuidados que já existiam serão redobrados”, diz Ionan.
Rômulo Roberto Conceição, de 56 anos, é comerciante e mora em Maracanã, interior do Pará. Ele é pai do pequeno ítalo Pinto, de apenas seis anos, que está há mais de um mês internado no Hospital Metropolitano para tratar as queimaduras sofridas após cair em um buraco com chamas de fogo.
“Eu pensei sim que perderia o meu filho. É uma dor que só quem é pai pode sentir ao ver o seu filho naquela situação, mas graças a Deus ele está bem e se recuperando”, comenta.
“O acidente é sempre muito rápido, então o cuidado deve ser redobrado. Ele estava brincando de pipa no quintal e caiu no buraco com mais de um metro de profundidade”, lembra.
Assim como nos casos dos pequenos ítalo e Bianca, grande parte dos acidentados por queimaduras no Pará e de outros estados é encaminhada para o centro de queimados do Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência, em Ananindeua.
Aproximadamente um milhão de acidentes com queimaduras acontecem todos os anos no Brasil. Desse total, estima-se que 100 mil pacientes buscam atendimento médico e outros 2.500 não resistem às lesões e morrem. Para atender os pacientes vítimas de queimaduras, o SUS destina cerca de 55 milhões de reais todos os anos.
Manual tem dicas de prevenção a queimaduras
O estudo dos estudantes de fisioterapia foi divulgado no site da Revista Brasileira de Queimaduras, referência nacional em pesquisas sobre a temática, em setembro deste ano, e teve como base a análise de 553 prontuários de pacientes internados no hospital, no período de janeiro de 2017 a dezembro de 2018.https://tpc.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html
Os números de pessoas acometidas por acidentes envolvendo queimaduras seguem em uma crescente, de acordo com os profissionais de saúde.
Como uma tentativa de prevenir os acidentes, os estudantes lançaram esta semana o livro digital gratuito “Xô, queimadura”, com dicas básicas. Confira algumas:
- não acender a churrasqueira com álcool
- não utilizar o aparelho celular enquanto estiver carregando
- não deixar vários equipamentos ligados na mesma tomada
Fonte: G1 Pará