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Foto em rede social leva à redescoberta de pedra rara em parque arqueológico no Pará após mais de 100 anos

Bloco único de arenito com mais de 6 metros teve o primeiro registro em 1903, durante expedição de pesquisadores, exploradores e naturalistas à Amazônia.

Foto: Divulgação
Foto: Divulgação
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Um acaso que resultou em uma caçada de meses a um tesouro natural. Foi desta forma que funcionários do Parque Estadual Monte Alegre (Pema), no Oeste do Pará, redescobriram um monólito de arenito, com cerca de 6 metros de altura, que teve o primeiro registro durante expedição de europeus à Amazônia em 1903.

O bloco único da estrutura geológica foi encontrado este mês depois de um “acaso” nas redes sociais, quando um canoísta postou uma foto do monólito e funcionários do Pema tiveram acesso ao registro.

A foto centenária

Imagem da pedra e dois homens publicada no livro de Marie Coudreau, de 1903 — Foto: Reprodução

Imagem da pedra e dois homens publicada no livro de Marie Coudreau, de 1903 — Foto: Reprodução

A pedra rara não era vista há mais de 100 anos, tendo sido fotografada pela primeira vez durante a expedição coordenada pelo explorador e geógrafo francês Henri Coudreau ao rio Maicuru, no município de Monte Alegre.

O relato foi publicado em um livro escrito pela esposa do geógrafo, Marie Octavie Coudreau, em 1903, em Paris. A viagem ao rio Maicuru, no período de 5 de junho de 1902 a 12 de janeiro de 1903, produziu uma imagem publicada no livro de Coudreau de uma pedra e dois homens. Sobre uma base maior, a peça é formada por outros três blocos de arenito.

Registro na rede social

Nunca a imagem do monólito havia sido publicada no Brasil até 2015, ano em que Monte Alegre sediou a “Expedição Maicuru – Canoagem e Trekking no Coração da Amazônia”, de 23 a 26 de julho.

O canoísta Pedro Sousa, coordenador do evento, foi à biblioteca do Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém, em busca de informações sobre o rio Maicuru. Foi lá que ele encontrou o livro de Octavie Coudreau, “Voyage au Maycurú” publicado em 1903, onde viu a foto da pedra, indicando que ela estava localizada em Monte Alegre.

Quando Pedro encontrou o livro, já haviam se passado 112 anos desde a publicação da obra. Ele compartilhou a imagem em sua rede social e funcionários do Pema viram a foto. A partir de então, passaram a procurar a pedra dentro do parque e a encontraram no último dia 6 de julho.

A redescoberta representa o resgate de um momento histórico das viagens que pesquisadores, exploradores e naturalistas europeus realizaram à Amazônia no século XIX  — Foto: Agência Pará/Divulgação

A redescoberta representa o resgate de um momento histórico das viagens que pesquisadores, exploradores e naturalistas europeus realizaram à Amazônia no século XIX — Foto: Agência Pará/Divulgação

“Ficamos sabendo dessa pedra no final do ano passado, por um condutor que postou essa foto, e o doutor Nelsi Sadeck disse que sempre teve vontade de encontrar, iniciando uma busca. Só que, infelizmente, seu Sadeki não resistiu à pandemia e veio a óbito por Covid”, disse o condutor do Parque Estadual Monte Alegre, Ilivaldo Castro.

Para os funcionários do Pema, achar a pedra virou questão de honra. “Encontramos no Parque, entre a Pedra do Mirante e a Itatupaóca, uma caverna que é atração do Pema”, explicou.

Importância histórica

A redescoberta representa o resgate de um momento histórico das viagens que pesquisadores, exploradores e naturalistas europeus realizaram à Amazônia no século XIX e início do século XX. É importante para a história dos monumentos naturais existentes no Parque e também para o ecoturismo em Monte Alegre.

Dia do Parque

O Pema está inserido na Área de Proteção Ambiental (APA) Paytuna, localizada integralmente em Monte Alegre — Foto: Ascom Ideflor-Bio/Divulgação

O Pema está inserido na Área de Proteção Ambiental (APA) Paytuna, localizada integralmente em Monte Alegre — Foto: Ascom Ideflor-Bio/Divulgação

No último domingo (18), foi realizado um evento para comemorar o “Dia do Parque”, a redescoberta e nova apresentação do monólito, com uma expedição “Nelsi Sadeck”.

“Todas as medidas de segurança contra a Covid-19 foram tomadas. Fizemos o evento com diversos parceiros, entre eles o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). E contamos com a participação de todos os amantes da natureza e da nossa história arqueológica”, conta o gerente.

O Pema

Unidade de Conservação integral criada por lei estadual, o Parque Estadual Monte Alegre abriga sítios arqueológicos com arte rupestre. O Pema é administrado pelo Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Pará (Ideflor-Bio).

As pinturas e gravuras encontradas nas rochas são a comprovação da presença humana há pelo menos 11 mil anos. Os sítios mais conhecidos estão na Serra do Ererê e na Serra do Paytuna, a cerca de 40 quilômetros do centro da sede municipal.

Fonte: G1 Santarém

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