Por muitos anos, o frango foi a melhor opção para substituir a carne vermelha ou o peixe por ser uma das proteínas mais baratas. Atualmente, a realidade é outra.
Nos últimos 12 meses, a alta no valor do produto alcançou cerca de 17% contra uma inflação estimada em torno de 11% para o mesmo período em Belém. Os dados foram apresentados pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos no Pará (Dieese/PA).
Uma das marcas pesquisadas foi a do frango resfriado Americano que, no início do ano passado, estava sendo comercializado em torno de R$10,42 e fechou dezembro no valor médio de R$12,20 nas redes de supermercados da capital paraense. Até o mês de fevereiro de 2022, este valor não sofreu alteração.
Outra marca bastante consumida é a Avispará, que também apresentou alta nos últimos 12 meses. A trajetória do produto foi a seguinte: no início de 2021, custava em média R$ 9,79 e fechou dezembro do mesmo ano no valor estimado em R$ 11,25 o quilo, uma inflação de 14,91%.
Os constantes reajustes impõem o desafio da pesquisa aos consumidores. Vera da Silva, 60 anos, tem passado longe do frango. “Além de caro, eles estão cada vez menores e mais leves. Para economizar, prefiro mudar de alimento, pois cansei de pesquisar um produto de qualidade e em conta”, afirmou a autônoma.
“Na maioria das vezes eu prefiro levar o ovo, do que o frango”, brincou dona Vera. “Se não usarmos estratégia, falta dinheiro no final do mês. Com a falta de recursos, corremos o risco de ficar sem ter o que comer e não é isso que queremos, né?”, lamentou.
A professora, Camila Palheta, de 39, pensa da mesma forma na hora de fazer as compras do mês. “Dependendo do dia, a carne de boi ou o próprio peixe acaba sendo bem mais barato”, explica.
Em comum, as declarações têm uma justificativa: o custo de vida dos paraenses, que é considerado alto e fica entre os maiores do país, puxado principalmente pela alta no preço dos alimentos, como a do frango. Com uma cesta básica custando R$ 575 e o salário mínimo de R$ 1.212, a população fica com a renda comprometida em 47,44%, quase metade do salário só com alimentação.
JUSTIFICATIVA
Uma das explicações quanto às altas expressivas nas gôndolas tem relação com os custos de produção dos avicultores. Entre os principais aumentos está o do milho, usado como ração para os animais, que representa, um custo entre 70% e 80% aos produtores, aponta a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
Fonte: DOL