O Governo do Pará deve ampliar as restrições à circulação de pessoas a partir da próxima terça-feira (06), se o índice de isolamento social não alcançar o percentual de 70%, determinado pelo Ministério da Saúde e pela Organização Mundial de Saúde (OMS), para o combate à disseminação do novo Coronavírus. Em entrevista à Globo News, concedida na manhã deste domingo (3), o governador Helder Barbalho confirmou que medidas mais rigorosas, como bloqueio de ruas, devem fazer parte de decreto estadual nesta semana.
O reforço nas restrições, em um primeiro momento, não deve atingir todo o Pará, e sim os 18 municípios que concentram 95% dos casos de Covid-19 – incluindo os da Região Metropolitana de Belém (RMB). A justificativa para o possível lockdown está no aumento do número de mortes pela doença, que triplicou em uma semana, registrando um aumento de 222%, muito acima da média nacional, de 68%, no mesmo período.
“O momento é de muita dor, e nos exige união e ação do Poder Público no sentido de garantir atendimento e direito ao acesso aos serviços de saúde. Temos feito todos os esforços naquilo que cabe ao Governo, e este também é um momento de reflexão para a necessidade do isolamento social. Números mostram um avanço muito rápido e acentuado dos casos da Covid-19; número de óbitos alarmante. Trezentos e seis irmãos e irmãs já perderam a vida, e temos feito apelo para que a população possa nos ajudar a diminuir este pico de crescimento, para que o sistema de saúde possa suportar a quantidade excessiva de procura”, ressaltou o governador.
Mais equipamentos – Segundo Helder Barbalho, o índice de ocupação dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no Estado é de 80%, mas aumenta para 96% quando se trata somente da RMB. Entre sexta-feira (1º) e hoje, foram criadas 68 novos vagas de tratamento intensivo, e ainda neste domingo é aguardado o voo que vem da China com o primeiro lote do total de 400 respiradores comprados com recursos do Tesouro estadual. A expectativa é receber entre 150 e 200 aparelhos neste domingo, e o restante em um novo voo programado para 09 de maio (próximo sábado). A carga inclui ainda 1,6 mil bombas de infusão e 500 monitores paramétricos. A logística depende dos trâmites alfandegários na China.
“Com esses equipamentos, ampliaremos leitos de UTI na Região Metropolitana e também para cidades do interior que precisam do reforço correto”, informou Helder Barbalho, confirmando a instalação de mais Hospitais de Campanha em Belém e outros municípios. No início da semana, adiantou Helder Barbalho, será apresentado um plano logístico relacionado à criação dessas estruturas hospitalares nas microrregiões do Estado, que servirão de retaguarda aos 14 hospitais referenciados em todo o Pará para o tratamento da Covid-19.
O governador voltou a lamentar a queda no percentual de pessoas em casa nas últimas semanas, e afirmou ter feito na sexta-feira um último apelo antes de “ser obrigado” a tomar medidas mais drásticas. “Média de 45% a 50% de isolamento é muito baixo. Sei o quanto é sofrido estar em casa por tanto tempo, e agradeço a quem já faz o esforço, mas precisamos ir adiante. Estamos na fase de conclusão de um projeto com bastante restrição, no caminho do lockdown, e até terça, se não houver uma resposta efetiva de ampliação do convencimento por parte dos que não entenderam a realidade, eu serei obrigado a ampliar as medidas”, reiterou.
Serviço funerário – Questionado sobre a situação do sistema funerário, principalmente na capital, Helder Barbalho admitiu que “não há justificativa para que as coisas não sejam mais rápidas”. Porém, explicou que a média era de cinco mortes em casa por dia, e agora são 50. “Estamos tentando desburocratizar o processo de despedida, dialogando com a Prefeitura de Belém, com os médicos, com a equipe legista, para que isso possa ser mais rápido. Orientei o fortalecimento das ações de assistência social e psicologia, para que possa haver um mínimo de conforto para os que perdem seus familiares”, frisou o governador.
Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) informou que, em função do aumento do número de mortes por Covid-19, houve dificuldade em contratar caminhões frigoríficos para auxiliar o Instituto Médico Legal (IML), mas esse serviço já foi regularizado.
Fonte: Agência Pará