Os funcionários dos Correios no Pará aderiram à greve nacional da categoria, iniciada nesta terça-feira (18), por tempo indeterminado. Presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios do Estado do Pará (Sincort/PA), Wandré do Carmo explica que a paralisação é irrestrita, alcançando todos os setores da empresa pública. No entanto, até o momento, a entidade não tem o balanço do percentual de trabalhadores do estado que resolveram cruzar os braços, mas avalia que a greve vai atingir os serviços de uma maneira geral. “Todos os serviços vão ter uma redução, então os prazos vão ser aumentados e vai demorar mais pra chegar (a encomenda) na casa do cliente”, observa. No território paraense, a estatal conta com cerca de 2.300 funcionários, conforme informações do Sincort.
A Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas dos Correios e Similares anunciou a greve nacional da categoria, a partir das 22h desta segunda. No Pará, a decisão de aderir à paralisação foi tomada em Assembleia Geral, realizada na noite desta segunda.
Os grevistas são contra a privatização da estatal e denunciam a negligência com a saúde dos trabalhadores durante a pandemia. Pedem também que direitos trabalhistas sejam garantidos. Outra reclamação envolve a revogação do atual acordo coletivo, que deveria ficar em vigência até 2021. “Com isso, já tivemos algumas perdas de direito”, ressalta Wandré do Carmo.
Com a revogação do acordo coletivo, de acordo com a federação que representa a categoria, foram retiradas 70 cláusulas que garantiam vários direitos aos trabalhadores, como 30% do adicional de risco, vale alimentação, licença maternidade de 180 dias, auxílio creche, indenização de morte, auxílio creche, indenização de morte, auxílio para filhos com necessidades especiais, pagamento de adicional noturno e horas extras.
O Sindicato da categoria, no Pará, informou que houve manifestação em todas as unidades, na manhã desta terça-feira e, nesta quarta-feira (19), a mobilização deve continuar, mas com cada grevista em frente à sua agência.
A empresa enviou uma nota à redação:
“Os Correios não pretendem suprimir direitos dos empregados. A empresa propõe ajustes dos benefícios concedidos ao que está previsto na CLT e em outras legislações, resguardando os vencimentos dos empregados conforme contracheques em anexo que comprovam tais afirmações.
Sobre as deliberações das representações sindicais, os Correios ressaltam que possuem um Plano de Continuidade de Negócios, para seguir atendendo à população em qualquer situação adversa.
No momento em que pessoas e empresas mais contam com seus serviços, a estatal tem conseguido responder à demanda, conciliando a segurança dos seus empregados com a manutenção das suas atividades comerciais, movimentando a economia nacional.
Desde o início das negociações com as entidades sindicais, os Correios tiveram um objetivo primordial: cuidar da sustentabilidade financeira da empresa, a fim de retomar seu poder de investimento e sua estabilidade, para se proteger da crise financeira ocasionada pela pandemia.
A diminuição de despesas prevista com as medidas de contenção em pauta é da ordem de R$ 600 milhões anuais. As reivindicações da Fentect, por sua vez, custariam aos cofres dos Correios quase R$ 1 bilhão no mesmo período – dez vezes o lucro obtido em 2019. Trata-se de uma proposta impossível de ser atendida.
Respaldados por orientação da Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (SEST), bem como por diretrizes do Ministério da Economia, os Correios se veem obrigados a zelar pelo reequilíbrio do caixa financeiro da empresa. Em parte, isso significa repensar a concessão de benefícios que extrapolem a prática de mercado e a legislação vigente. Assim, a estatal persegue dois grandes objetivos: a sustentabilidade da empresa e a manutenção dos empregos de todos.”
Fonte: O Liberal