Há 134 dias, milhares de estudantes no Brasil, no Pará e em Belém estão com as aulas suspensas. A medida foi tomada como tentativa para conter a propagação do novo coronavírus, que ocasiona a covid-19. O Pará somava, até às 23h45 desta terça-feira (28), 151.849 casos confirmados e 5.694 mortes pela covid-19. Ainda assim, existe possibilidade de retomada das aulas em alguns espaços, a partir da próxima semana.
Mas especialista, que está na linha de frente de combate à doença, alerta que ainda não é o momento para a volta às aulas tanto na rede privada quanto pública devido à interiorização dos casos aliada às férias de julho, quando muita gente ainda se desloca em busca de lazer. E pondera que é prudente observar a curva de contágio de todo o mês de agosto antes da tomada de qualquer decisão. Contudo, aponta possibilidade de retorno às atividades escolares serem discutidas em meados de setembro, a fim de verificar o que ocorreu em agosto.
Ao longo de todo esse tempo, uma das médicas que está na linha de frente de combate à covid-19 é a infectologista Helena Brígido. Ela é vice-presidente da Sociedade Paraense de Infectologia e docente da Universidade Federal do Pará e deixa esse despertar. “Não é o momento ideal de retorno às atividades escolares, porque ainda temos casos na capital e, com a interiorização da covid-19, aliada à ida das pessoas para o lazer no mês de julho, é prudente que se observe a curva durante todo o mês de agosto. Houve liberação de praias em um momento muito delicado, no qual tinha que se manter a diminuição de novos casos”.
Brígido frisa diversos riscos que a volta às aulas nos próximos dias oferece para a comunidade escolar e às famílias. “O retorno implica não só na volta dos estudantes, mas também de números funcionários da área escolar. Os perigos existem para a infecção dos alunos, professores e outros trabalhadores da educação na medida em que existe a alta transmissibilidade do vírus, pela possibilidade de aglomerações, pela dificuldade de uso de máscaras em crianças pequenas e as especiais, etc. A preocupação existe para a própria comunidade escolar, inúmeros funcionários retornando e a possibilidade de transmissão para pessoas em domicílio no retorno para casa”.
A vice-presidente da Sociedade Paraense de Infectologia destaca também que “ainda que crianças tenham uma sintomatologia mais branda, na maioria dos casos ou nem apresenta em sintomas, no retorno ao domicílio, assim como outros estudantes, podem transmitir para os familiares que, muitas vezes nem saíram de casa, os idosos”, enfatiza.
Para ela, antes da decisão é necessário que o Estado, o Município e demais entidades envolvidas na temática conversem com toda equipe de Vigilância Epidemiológica, para avaliar os casos existentes neste momento e comparar com os novos da covid-19 que estão por vir. “É preciso que sejam implementadas estratégias de segurança no ambiente escolar”, acrescenta a infectologista.
A infectologista Helena Brígido ressalta ainda os principais cuidados que devem ser considerados para a tomada da decisão. “Evitar aglomerações fazendo horários diferentes de entrada na escola, assim como reduzir o número de frequentadores em um mesmo horário. Além de organizar o horário da merenda escolar, para que não haja acúmulo de pessoas, uso de álcool a 70% dentro e fora da sala de aula, uso de máscaras, evitar trabalho em grupo, não usar bebedouros, enfim”.
Ela mantém recomendações – tanto para gestores quanto à população em geral – para que tomem e cumpram medidas de distanciamento, uso de máscaras e de higiene. “É preciso também que o poder público mantenha a fiscalização de portos, aeroportos, aglomerações em qualquer área da cidade, principalmente em locais de alimentação em que a pessoa tem que tirar a máscara e manter fechados os locais de festas”.
Contudo, a médica informa que ainda não há projeção de aumento nos casos de infecção pela covid-19, caso as aulas sejam retomadas em agosto. E aponta a possibilidade de retorno às atividades escolares serem discutidas em meados de setembro, para verificar o que ocorreu em agosto.
Fonte: O Liberal