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Instituto Evandro Chagas cria grupo de trabalho para investigar ‘Urina Preta’

11 pesquisadores analisam dados e criam metodologia para avançar nas pesquisas relacionadas a doença para auxiliar a Sespa

Foto: O Liberal
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O Instituto Evandro Chagas (IEC) criou, em conjunto com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), um grupo de trabalho (GT) para acompanhar a situação epidemiológica no Pará da Síndrome de Haff, ou doença da “urina preta”. O GT é formado por 11 pesquisadores de diversas áreas: médicos, biólogos, químicos, farmacêuticos, epidemiologistas, etc, que atuam nas áreas de cianobactérias, ensaios toxicológicos, epidemiologia e medicina, com ênfase em meio ambiente.

Vanessa Tavares é pesquisadora em bioindicadores de qualidade da água e também compõe junto com o médico Marcos Mota o Grupo de Trabalho da SESPA , juntos são interlocutores do GT-IEC. Ela explica a criação do GT e suas atribuições, além de estar em constante contato com o Ministério da Saúde e a vigilância em saúde do Amazonas.

“O grupo foi criado a partir de um contato da Sespa buscando apoio do Instituto Evandro Chagas para elucidar as causas da doença da urina preta, a partir deste contato o IEC buscou autorização da direção para captar os pesquisadores. Inclusive, a direção nos autorizou a fazer o deslocamento caso fosse necessário, caso seja mapeado a origem dos peixes. Trabalhando de forma integrada a questão ambiental e também dos paciente, com o médico que compõem a equipe”, explica a pesquisadora.

Conheça um pouco mais sobre a doença (Alynne Cid / O Liberal)

Vanessa destaca que no primeiro momento os pesquisadores se debruçaram sobre a literatura existente, trabalhos que foram realizados em anos anteriores, verificando metodologias para elucidar esses casos da doença.

“Buscaremos seguir o histórico do paciente. Quais peixes consumidos, quantidades, sintomas e, quando possível, onde foi comprado. De onde era pescado, se foi de ambiente natural ou de cativeiro. No caso de identificar o lugar da pesca, para que seja feito a análise físico química da água, dos microorganismos e também do próprio pescado”, declarou a cientista.

Marcelo Lima é pesquisador em saúde pública e afirma que é uma felicidade criar o grupo de estudos, ao mesmo tempo que é complexo fazer as análises, pois depende de muitos fatores. “Complexo estabelecer um protocolo completo, fazer uma análise laboratorial. Por isso que tivemos que criar um GT de especialistas para estudar sobre assunto”, explica.

A equipe da redação Integrada de O Liberal questionou a representante se há um diálogo com o Amazonas, onde o surto da doença de Haff é maior. Vanessa relata que esta semana reuniu-se com uma equipe do Ministério da Saúde (MS), que tem uma profissional alocada no Amazonas, onde também realiza um GT sobre a doença. No estado vizinho já são 54 casos notificados e a maioria na cidade de Itacoatiara.

“Como esses casos estão concentrados em Itacoatiara, lá eles já partiram para a análise ambiental. Já estão fazendo a análise da água, e alguns microorganismos e análise do pescado que é capturado lá. Hoje somente o Instituto Federal de Santa Catarina dá apoio ao Ministério, para analisar essas amostras. Estamos em fase de pesquisa, ainda não temos dados. Semana que vem ela deve marcar uma reunião apresentando parte desses estudos. Aguardamos o convite para participar também”, explica Vanessa.

Grupo de trabalho tem pesquisadores de várias áreas

Tavares apresenta a estrutura das equipes, divididas entre um grupo que trabalha com a parte ambiental e um grupo na parte hospitalar, para montar o histórico e também e o protocolo para identificar a doença.

“O exame que é feito quando o paciente chega, é feito só quando chega ou também periodicamente? Inclusive, o médico da nossa equipe compõe esse grupo que faz avaliação destes pacientes. Que estão em Belém e nas cidades mais próximas. Vamos trabalhar conforme as demandas da Sespa. A partir da identificação da rota do pescado, a nossa equipe tem condições de fazer as avaliações da água, microorganismo e pescado”, esclareceu Tavares.

A pesquisadora diz que a população não deve ter medo e generalizar, pois os peixes criados em cativeiros, que tem acompanhamento da origem, temperatura de conservação, não oferecem riscos. “A população precisa entender que esses peixes tem manejo. Os únicos peixes listados até agora, que oferecem riscos, são: Pacu, Pirapitinga e Tambaqui”, completa.

Rosivaldo Mendes, pesquisador em saúde pública, apresentou o laboratório onde poderá ser utilizado para estudar futuras amostras provenientes da doença e reforça que a grande dificuldade dos especialistas é identificar qual toxina. “A gente vê na literatura dificuldade dos pesquisadores que passam por problemas parecidos. Ocorreu na Europa e na China. A gente sabe que é uma toxina, mas até hoje não se sabe qual. Por isso é preciso dessa força conjunta. Para pegar o prontuário original, local de contaminação possível, para chegar ao ponto focal e ser mais rápido da identificação”, finaliza.

Marcelo observa que quando se avança no conhecimento é possível gerar dados mais precisos e estabelecer políticas públicas para conter a doença. “Estabelecer critérios de vigilância que sejam mais apropriados a essa situação. Nós não sabemos se essa doença já não é comum na Amazônia e poderia ser até negligenciada, não sabemos. A Amazônia possui ciclos de chuvas, das águas, nós temos que levantar as origens ambientais do que pode levar ao e assim a gente pode estabelecer políticas públicas de prevenção e até controle da doença para efetivamente cuidar das pessoas daqui para frente”, conclui.

Fonte: O Liberal

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