Sete pessoas supostamente envolvidas em esquema de jogos de azar na internet, conhecidos como “Jogo do Tigrinho”, foram presas na manhã desta segunda-feira (18/12) no Pará, e outra em Recife (PE). A movimentação financeira de um dos investigados chegou a mais de R$ 20 milhões, segundo a Polícia.
Quatro mandados de prisão foram cumpridos em Belém; um na cidade de Bragança, nordeste do Pará; outro em São Francisco do Pará – que foi levado para a cidade de Castanhal -, e um em Recife, em Pernambuco, onde uma investigada desembarcava para fazer divulgação de plataforma de jogo.
Os presos são todos influenciadores digitais que somam cerca de 300 mil seguidores nas redes sociais. Eles utilizavam as redes sociais para divulgar jogos de azar, segundo o delegado Daniel Castro, da Diretoria de Polícia Metropolitana (DPM) na Polícia Civil do Pará.
“Os investigados se valiam da condição de influenciadores digitais pegando capilaridade que têm para transformar a vida de ostentação em lucro, divulgavam através de uma plataforma conhecida como Tigrinho, faziam jogos on-line que a banca sempre ganhava. Eles sempre ganhavam e as pessoas que achavam que iam ganhar só eram lesados”, ele explica.
Quem são os presos:
– Gleison Pereira Soares [conhecido nas redes sociais como ‘Mago das Unhas’]
– Suzana Carla Melo de Araújo
– Gessyca Meireles Alves
– Raissa Natasha Mota Berbary
– Ingrid Naiane Silva da Silva
– Iane Raquel Andrade dos Santos
A Polícia Civil ainda não havia confirmado oficialmente a sétima pessoa presa.
Investigados
Outras seis pessoas são apontadas pela Polícia como envolvidas, de acordo com a investigação da Polícia Civil do Pará, e estão foragidas.
Um dos foragidos é Noelle Araújo – considerada um dos principais alvo da investigação. A mãe dela, Suzana Carla Melo de Araújo, foi presa.
Os foragidos são:
– Noelle Araújo
– Lucas Lobo
– Ellen Mayara Oliveira Borges
– lohane do Socorro Almeida de Souza
– Jamile Ipiranga
– Emily da Penha
A reportagem tentava contato com a defesa de todos os mencionados até a última atualização da reportagem.
Milhões de reais movimentados
Há duas semanas, o Fantástico mostrou que influenciadores chegaram a ser presos por promoverem o “Jogo do Tigrinho”, mostrando que a prática é feita no país inteiro.
O delegado Daniel Castro diz que, no Pará, um dos investigados teve um fluxo de mais de R$ 20 milhões, e que no ato de prisão de um deles, houve a notificação de pix que somou R$ 50 mil.
“No momento que cumprimos um desses mandados chegou a notificação de pix R$20 e R$30 mil para um alvo. Ou seja, num simples movimentar, foram R$ 50 mil reais que entraram hoje”, diz o delegado.
Operação
Casa de prostituição e condomínio de luxo em Belém são alvo de operação contra jogos de azar. — Foto: PC-PA
Todos os alvos da operação são influenciadores que têm ate 300 mil seguidores nas redes sociais.
Segundo as investigações, os influenciadores ganhavam dinheiro para incentivar os seguidores a fazerem apostas em plataformas de jogos de azar, ilegais aqui no Brasil.
As investigações começaram com denúncias de pessoas que foram lesadas e com a identificação de situações percebidas pelos investigadores.
Os investigadores dizem que Gleidson Pereira Soares, que se apresenta como Mago das Unhas, é um dos principais alvos da operação junto com a infuenciadora Noele Araújo.
“Para você ter uma ideia, eles compraram casas de luxo em condomínios de Belém, veículos importados. Só em uma residência que fomos, encontramos roupas, bolsas, acessórios de marca europeias de luxo, caríssimos, originais, que uma pessoa normal não teria condições de comprar”, disse Daniel Castro.
“Quem entra nesse jogo nunca ganha. Quando você vai retirar, eles bloqueiam o valor”, disse o delegado Arthur Nobre.
Além dos mandados de prisão, também foram realizados 12 mandados de busca e apreensão, incluindo em uma casa de prostituição na capital, de propriedade de uma das envolvidas.
Policiais quebraram as janelas para entrar. O local seria usado para lavar dinheiro das apostas.
Na operação desta segunda-feira, ainda foram apreendidos cinco carros de luxo, duas motos, aparelhos eletrônicos e documentos que subsidiarão as investigações.
O que dizem as defesas
O advogado de Géssyka Alves disse que ela não não sabia que se tratava de uma atividade ilegal. “Acredito que, além dela, muitas outras pessoas são aliciadas pra fazer a divulgação desse tipo de aplicativo”, diz o advogado de defesa Ivan Mello.
Fonte: G1 Pará.