Dados da Federação do Comércio do Estado do Pará (Fecomércio) revelam que a taxa de endividamento no estado cresceu 68,7% neste mês de junho, são 6,7 pontos percentuais a mais que em 2023, quando a taxa era de 62%. Quanto aos inadimplentes, representam 26,8%, resultado menor que o mês de maio, com 27,7%. Na análise do perfil das dívidas, as contas feitas com o cartão de crédito seguem como as principais entre os consumidores.
Os paraenses com um rendimento de até 10 salários mínimos foram os mais endividados no período de maio (69,4%) a junho (70,9%) deste ano. Os dados do Pará são menores que a média do Brasil na modalidade de endividados, que em junho foi de 78,8%. O levantamento é realizado em parceria com a Confederação Nacional do Comércio (CNC), responsável pela análise do país.
Na análise por renda, o estado também se manteve abaixo do percentual do país, de 80,7%. A pesquisa também demonstra redução do número de famílias endividadas entre os que ganham mais de 10 salários mínimos, de 48,8% para 47,7%. Para a entidade, este desempenho pode ser um reflexo de programas de negociação, como o Desenrola Brasil.
Inadimplentes
A taxa de famílias inadimplentes refere-se ao número dos que possuem contas ou dívidas em atraso com relação a boletos parcelados, cartões de crédito, carnês de lojas, empréstimo pessoal, compra de imóvel e prestações de carro e seguros. O percentual dos consumidores em atraso apresentou uma redução entre maio e junho deste ano, saindo de 27,7% para 26,8% respectivamente, mas registrou aumento em relação a junho de 2023 quando eram 25,2%. Do total de atrasados, chama atenção os 7% que seguem inadimplentes, esta parcela declarou que não teria condições de pagar as contas no próximo mês.
A Fecomércio destaca o potencial negativo deste cenário na atividade do comércio local, devido a limitação de crédito dos consumidores em atraso, o que reduz a possibilidade de venda. Outro fator mencionado é o quanto da renda desses consumidores fica comprometida com o pagamento das dívidas atrasadas, o que em rendas acima dos 10 salários mínimos é de 33,3% e abaixo desse limite 32,7%. Sobre o tempo que estas famílias levam para efetuar os pagamentos, seriam cerca de dois meses, sem colocar as dívidas atrasadas em dia.
“É importante acompanhar este indicador, pois em taxas crescentes pode engessar a economia com dificuldades para consumidores e empresários, tendo em vista que grande parte do orçamento comprometido com parcelas a pagar limita o poder de compra, com consequências também sobre as vendas”, destaca a Federação.
Perfil das dívidas
As dívidas com o cartão de crédito continuam sendo as principais, totalizando em junho deste ano 86,4%, contra 82,4% no mesmo mês do ano anterior. Seguidas das contas oriundas de boletos, crédito consignado, financiamento de carro, crédito pessoal, entre outros. Os dados apontam que os consumidores utilizam o crédito principalmente para adquirir bens de consumo, driblando a limitação das suas rendas, como destaca a Federação.
“O crédito tem sido utilizado para pagamento de uma grande diversidade de itens que vão de valores muito baixos aos de valores elevados, cuja renda mensal não possibilita pagamento à vista ou de uma vez… Usufruir do crédito não é totalmente negativo, nem o endividamento controlado, desde que seja necessário e não incorra em juros e comprometimento da renda, assim como não ultrapasse a capacidade mensal de pagar as parcelas para não se tornar inadimplentes”, pontua.
Fonte: O Liberal